domingo, 7 de março de 2010

"Por mim", Opinião

FESTIVAL DA CANÇÃO 2010

Longe do tempo da "Desfolhada" e da "Festa da Vida", depois de passados os tempos das grandes canções como a "Oração" e o "Playback", o maior evento musical do país tem vindo gradualmente a perder qualidade. Quando falo em qualidade não me refiro ao talento das pessoas que tentam a proeza, falo sim das músicas propriamente ditas que são feitas.
Não percebo, por exemplo, como é que uma "cançãozinha" que nem é fado nem é hip-hop, nem sei o que é, passa à final de um festival... refiro-me à canção "O amor não sabe". Não percebo como é que uma, ou melhor, duas ou três canções capazes de suscitar euforia e arrepio na pele dos (tele)espectadores da Eurovisão não passem da meia-final. Não percebo como é que uma canção que fala apenas e só de uma cidade, no caso de Lisboa, seja premiada com 8/10 pontos pelo júri distrital, quando a música nem vale um cêntimo. Não percebo o porquê de uma canção ser levada até à final, quando o cantor finge saber tocar piano, ou lá o que é... E mais, não entendo como é que uma canção bela, muito bem cantada, e capaz de arrepiar qualquer um, fica-se pela semi-final.
É por estas e por outras que acho que algo está mal nestes festivais anualmente organizados pela estação pública. Se acharam por bem mudar o sistema de votação, então que mudem desde o início. É que as boas canções ficam para trás por não terem uma claque assim muito grande, ou por não terem muitos 60 cêntimos mais IVA para telefonar até se fartarem. Sim, porque não tenho dúvidas que muitos concordam comigo ao afirmar que algumas das canções finalistas não mereciam ter chegado onde chegaram, em detrimento de outras... E já agora vejam lá quem convidam para se sentar à mesa e lançar pontos a torto e a direito, pois não me parece que alguém saído de uma escola à cerca de 2 anos já reuna competências para ajuizar num evento de tamanha importância como este.
A própria pontuação atribuída pelos jurados suscitaram alguma discórdia no Campo Pequeno. Mas essa foi só para "picar" ou para "intimidar", como dizia a Sílvia Alberto. Mas de facto foi algo errada, na mimha opinião. Sou sincero em afirmar que essas pessoas têm mais aptidões que eu para assumir este tipo de funções, mas também acho que essas pessoas não conhecem o que é necessário para fazer furor na Eurovisão. Lembrem-se que as pessoas lá fora não percebem a língua portuguesa e, como tal, votam pela música (onde o arrepio é muito importante, digamos) e pela atitude e prestação do intérprete em palco. Não percebo como é que uma música com poucos toques arrepiantes e com uma intérprete que anda perdida de um lado do palco para o outro é premiada desta maneira. Na minha opinião, esta canção de Filipa Azevedo não devia ter ganho. Acho que, perante as características que já foram referidas, a canção "Canta por mim" de Catarina Pereira é que mais merecia o lugar que foi "entregue" à Filipa, pois era uma canção que animava, bem cantada, e que tinha alguns momentos arrepiantes e onde a intérprete até chegou a dançar... Recordo-me perfeitamente de neste momento a realização ter focado o público mais "VIP" do Campo Pequeno a abanar a cabeça para cima e para baixo e com um sorriso de orelha a orelha, mostrando a satisfação pela música... Mas, infelizmente, o que é melhor neste país não é olhado como tal.
De qualquer maneira, oxalá que a Filipa passe até à final da Eurovisão, o que acho quase impossível... É que se bem se recordam, apenas a Vânia Fernandes alcançou a final da Eurovisão nos últimos 6 ou 7 anos, e só não digo mais para não ficar mal...

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