segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Open da Austrália: Djokovic repete conquista de 2008

O sérvio Novak Djokovic venceu na final do Open da Austrália o britânico Andy Murray, por 3 sets a 0, com os parciais de 6-4, 6-2 e 6-3. É o segundo título do Grand Slam para o tenista balcânico, depois de ter conquistado esta prova em 2008.


Foto: www.atpworldtour.com


Adivinhava-se um encontro equilibrado, bastante disputado, entre 3º e 5º do ranking ATP. Dois tenistas de grande qualidade que vinham de vitórias difíceis nas meias-finais: o tenista sérvio eliminara Roger Federer (por 3 partidas sem resposta) enquanto que, um dia depois do duelo Djokovic/Federer, Murray confirmara o seu favoritismo ante o moralizado David Ferrer (que vinha de uma vitória sobre Nadal).

Talvez o pormenor "um dia depois" tenha feito toda a diferença. Djokovic jogou na quinta-feira e Murray na sexta. Isto para além do britânico ter demorado 3h46 a bater Ferrer, em 4 partidas.

Isso provou-se logo na primeira hora de jogo (duração aproximada do set inaugural), com Murray a não conseguir colocar grande parte dos seus primeiros serviços. Aliás, a certa altura o sucesso do primeiro serviço do britânico rondava os 45%, percentagem francamente má.

Djokovic também cometeu vários erros, principalmente de direita, tal era a persistência de Murray naquele lado do court. Todavia, foi precisamente um batimento de direita, fortíssimo e muito bem colocado, que permitiu a Djokovic quebrar o serviço de Andy, desfazendo a teimosa igualdade do marcador. O sérvio chegou ao 5-4 e serviu para fechar o primeiro set a seu favor (6-4).

A segunda partida mais pareceu um duelo de David e Golias. Djokovic facilmente chegou ao 5-0. Uma pequena desconcentração do sérvio permitiu a Murray chegar ao 5-2, mas tudo voltou à normalidade com Novak a quebrar o serviço do adversário chegando ao 6-2, tendo a vantagem de abrir o último set.

No terceiro e último set, coube a Djokovic gerir o seu jogo, até porque Murray começava a acusar muito desgaste físico e mental, consequências da prolongada meia-final contra Ferrer. E foi com um erro não forçado de Murray (47 no total contra 33 do rival) que terminou a final da Rod Laver Arena.

DISCURSO REALISTA DO VENCEDOR

A final terminou e Djokovic levou as mãos ao céu. Foi o primeiro acto, mesmo antes de cumprimentar o adversário e o árbitro. Depois o sérvio tirou a camisola, os punhos de limpar o suor, os ténis (tirando previamente as palmilhas personalizadas) e atirou tudo ao público em forma de agradecimento pelo apoio (atirou também as toalhas que tinha).

Na hora de falar, notou-se acima de tudo um Djokovic bastante sensato e com os pés bem assentes na terra. "O Roger e o Rafa são os melhores e não se pode comparar o meu sucesso ou o do Andy ao êxito deles. Não quero voar para o céu", disse o vencedor. Ele que demonstrou grande respeito pelo adversário, afirmando saber "o que o Andy está a sentir, mas ele acabará por ganhar um título do Grand Slam".

Andy Murray agradeceu toda a equipa, apoiantes e felicitou Djokovic pela conquista. "Ele jogou muito bem, mas até penso que era capaz de ganhar qualquer outro tenista do circuito se jogasse como fez esta noite. Tenho agora que continuar a trabalhar arduamente e tentar outra vez", afirmou Murray, que desta vez não chorou.

O AUGE DE DJOKOVIC E A MALAPATA DO TÉNIS BRITÂNICO

Novak Djokovic pode agora orgulhar-se de estar no lote de tenistas no activo com mais de uma conquista Grand Slam (Roger Federer, Rafael Nadal, Lleyton Hewitt e Djokovic). A conquista do Open da Austrália surge no apogeu da sua carreira, depois de ter terminado a última temporada a conquistar a Taça Davis ao serviço da Seleção Sérvia.

Do outro lado, ainda não foi desta que um tenista britânico conseguiu quebrar o enguiço que perdura desde 1936, data da última vitória de um britânico num torneio Grand Slam – Fred Perry derrotou o norte-americano Don Budge na final do Open dos Estados Unidos.

Também ainda não foi desta que Andy Murray conseguiu vencer um “set” nas 3 finais Grand Slam que disputou até à data. Mais uma vez, Murray será pressionado pela imprensa britânica, já que passa de "britânico" a "escocês", antes e após a final, respectivamente.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Open da Austrália: Triunfo de "Aussie Kim"

Kim Clijsters conquistou pela primeira vez o Open da Austrália, depois de vencer em Melbourne a chinesa Li Na, pelos parciais de 3-6, 6-3 e 6-3. No fim, a tenista belga confessou sentir-se "Aussie Kim".


Foto: www.wtatour.com


Duas semanas depois do confronto entre estas duas jogadoras na final do torneio de Sydney, da qual Li Na saiu vitoriosa, o destino voltou a juntá-las, agora na final do primeiro Grand Slam de 2011.

Em Melbourne, Kim entrou melhor no encontro, vencendo os dois primeiros jogos, mas Li Na acabou por aplicar o seu melhor ténis e virou o marcador, conquistando o primeiro “set” por 6-3. A experiência de Clijsters possibilitou a sua recuperação na segunda partida, essencialmente depois dos quatro “breaks” inaugurais.

Ora, Li Na acabou por acusar algum cansaço essencialmente psicológico, até porque carregava aos ombros a responsabilidade de ser a primeira chinesa numa final de um Grand Slam. Clijsters conseguiu impor definitivamente o seu ténis e venceu o terceiro e último “set”, também por 6-3.

As estatísticas não mentem. Na derradeira partida a tenista belga cometeu 5 erros não forçados (26 em todo o encontro) contra 15 da asiática (40 no total dos três “sets”), o que prova a superioridade de Clijsters na Rod Laver Arena.
Com estes resultados, Kim Clijsters sobe ao 2º posto do ranking WTA, enquanto Li Na vai alcançar a 7ª posição.

PERCURSOS DE RESPEITO

Não se adivinhava tarefa fácil para Clijsters derrubar Li Na em Melbourne. Não só pela brilhante vitória da chinesa alcançada nas meias-finais perante a número 1 do mundo, Caroline Wozniacki, mas sobretudo pelo espírito combativo e o seu ténis bastante evoluído que Li Na havia demonstrado nas partidas recentes. Antes da tenista dinamarquesa, Li eliminara a bielorrussa Viktoria Azarenka (oitava cabeça de série) e a alemã Andrea Petkovic, que tinha derrotado Maria Sharapova na fase anterior.

Do outro lado do “court” estava uma Kim Clijsters experiente, que buscava o seu primeiro título Grand Slam fora dos Estados Unidos, já que a belga conta no seu currículo com 3 vitórias no US Open (2005, 2009 e 2010). Clijsters chegava à final depois de ter derrotado nas “meias” a russa Vera Zvonareva, segunda cabeça de série e a adversária da última final do Open dos Estados Unidos, e nos “quartos” a polaca Agnieszka Radwanska.

Em ambos os encontros, Kim tinha deixado uma imagem positiva, de um ténis muito forte quer defensiva quer ofensivamente. Porém, também passou a ideia de alguma desconcentração em momentos importantes dos encontros, o que de certo modo abriu portas a uma possível surpresa na final, a vitória de Li Na, o que acabou por não acontecer.

AGRADECIMENTOS, HUMOR E CONSAGRAÇÃO NA HORA DE FALAR

No fim deste duelo de casadas (uma raridade no circuito feminino), as tenistas agradeceram o apoio dos patrocinadores, da equipa técnica e dos adeptos. O humor de Li Na veio ao de cima: “Não me importa se o meu treinador - sim, ele é também o meu marido - é gordo ou magro, bonito ou feio. Eu amo-o e sem ele eu não seria certamente finalista do Open da Austrália”.

As palavras mais esperadas vieram da boca da vencedora. “No passado, os australianos sempre me apoiaram e, de certa forma, senti que não conseguia retribuir. Agora, sinto que me podem chamar "Aussie Kim"”, referiu Kim Clijsters, que teve uma relação há uns anos com o tenista australiano Lleyton Hewitt, o ídolo daquele país.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Espírito Natalício

É envolvido numa bela manta junto à lareira que escrevo este que é o meu primeiro post no "1991" depois de terminado o Mundial da África do Sul (não falemos disso, pode ser?).

O Natal é uma época do ano que sempre me deixou super feliz, ansioso (para abrir prendas, decorar a árvore e toda a casa, ir à célebre Missa do Galo, etc.), e mais aberto às outras pessoas, salvo seja.

Eu até podia estar aqui com as conversas de que o mais importante é reunir a família, jogar às cartas ou dominó o dia inteiro, conversar sobre a bola e as novelas da TVI, enfim... Mas isto é aquilo que todos nós podemos fazer regularmente, basta irmos de manhã à praça que encontramos meia dúzia de velhos a falar das "roubalheiras" do futebol português, basta irmos aos domingos à casa dos avós, enfim.

É por isso que para mim o Natal é muito mais do que estar em família (sem dúvida o ponto essencial desta quadra). O Natal é comer bolinhos caseiros da avó/mãe/tia... O Natal é beber licores e poncha até que a minha mãe grite "ANDRÉÉÉÉÉÉÉÉÉ TEM JUIZOOOO".

O Natal é ir ao Funchal ver as luzes espalhadas pela baixa ao som de bandas filarmónicas, de grupos de folclore, ou de simples músicas da época que tocam nas colunas ao longo das artérias da capital madeirense. O Natal é tirar fotografias até esgotar a memória da máquina, para depois fazer inveja aos coleguinhas da Faculdade, lá no Porto.

O Natal é também ir às missas do parto todos os dias (eu não vou todos, mas vou quase todos, afinal de contas elas são às 6h da manhã) para cantar, tocar os sininhos no fim, ou simplesmente para ouvir as canas rachadas dignas de participação no novo programa da SIC "Achas que sabes cantar?". Ah, e ir à missa do galo, obviamente, quanto mais não seja para beber vinho Madeira e comer bolo de mel (à saída da Igreja) gentilmente oferecidos pela Junta de Freguesia.

O Natal é ainda comer Tangerinas (a fruta típica na Madeira) e atirar os caroços para o meio do poio (poio na sua definição madeirense). O Natal é sentir o frio das noites de 23, 24, 25 e 26.

Eu já nem falo das prendas de Natal. É que descobri há poucos dias que o Pai Natal não existe, de facto, algo que me deixou deveras defraudado.

Para todos os que lerem este post desejo um FELIZ NATAL, cheio de saúde, paz, alegria, bolinhos, licores, missas, tangerinas, ponchas, and so on, and so on...

Para fazer inveja a muitos, ou não, ficam aqui algumas fotografias tiradas há uns dias atrás na baixa do Funchal.




segunda-feira, 12 de julho de 2010

Espanha, o campeão inédito.



11 conta 11 e no fim ganhou... a Espanha. "Nuestros hermanos" alcançaram pela primeira vez na história o título de campeão mundial. Na final de Joanesburgo, "La Roja" venceu a Holanda por 1-0. Iniesta foi o herói ao apontar o tento a 3 minutos do fim do prolongamento. Agora que acabou o mundial, é altura de olhar para trás e ver o que foi bom e o que foi menos bom.

A começar pela campeã Espanha. Teve o seu pior momento na estreia no campeonato do mundo frente à Suiça, no primeiro jogo. A derrota por 1-0 foi a grande surpresa da primeira jornada, o que levou aos mais críticos pensarem que a Espanha não iria longe. Enganaram-se. Seguiu-se uma vitória por 2-0 ante as Honduras e por 2-1 frente aos Chilenos, no jogo que ditou o confronto ibérico os oitavos de final. Frente a Portugal, os espanhóis venceram por 1-0, golo de David Villa. E foi sempre pela margem mínima que a Espanha chegou ao título de campeã. Assim derrubou Paraguai, Alemanha e Holanda. Justiça feita, os espanhóis foram os melhores entre os 32 candidatos. Praticaram bom futebol, para o qual contribuiu a espinha dorsal catalã. Sim, por exemplo na final, 7 dos 11 jogadores em campo eram do Barcelona.

A Holanda foi uma digna vencida. Na verdade nunca ninguém falou dela antes de protagonizar um dos grandes resultados deste mundial: vitória por 2-1 frente ao Brasil. Só a partir de então a equipa do "ilustre desconhecido" Bert Van Marwijk começou a ser levada a sério. Sjneider e Robben, como seria de esperar, foram os melhores. Aliás, foram eles que trouxeram a Laranja mecânica ao palco da final.

A Alemanha pode ser considerada uma desilusão apesar de ter alcançado o 3º lugar. Para mim foi. Por 3 vezes goleou (4-1 à Inglaterra, 4-0 à Austrália e à Argentina), o que a trouxe ao patamar de favorita à conquista do título. Tal não aconteceu. Entrou medonha na meia-final com a Espanha e sofreu com isso. No jogo de apuramento dos 3º e 4º lugares sofreu para vencer o Uruguai.

O primeiro campeão mundial de sempre foi a grande surpresa desta prova. Começou no grupo onde tinha a África do Sul, o México e a França. Conseguiu a proeza de vencer o grupo à frente dos anfitriões e do campeão de 98, eles que ficaram pelo caminho. Nos oitavos de final a Coreia do Sul fo resistente mas não o suficiente. O jogo dos quartos de final frente ao Gana foi o mais frenético de todo o mundial. Uma mão de Suarez sobre a linha de golo no último segundo do prolongamento evitou a eliminação uruguaia frente aos africanos. Ironia do destino, passaram na mesma. Na meia final com a Holanda perderam por 3-2, sendo que nos últimos instantes quase chegavam ao 3-3. Foi também o mesmo resultado no jogo de Port Elizabeth contra a Alemanha. O Uruguai também merecia ter chegado ainda mais acima do que este 4º posto. Para isto muito contribuiu a experiência de Diego Forlan e o talento de Luis Suarez, para não falar do trabalho árduo dos "portugueses" Alvaro Pereira, Fucile e Maxi Pereira, sempre eficazes na hora "H".

O Gana equiparou o feito dos Camarões em 1994 e do Senegal em 2002, chegando aos quartos de final. E podia muito bem ter ido mais longe, não fosse Gyan rematar à trave na cobrança da grande penalidade no jogo com o Uruguai. Foi a melhor selecção africana apesar de não ter contado com a estrela principal, Michael Essien. Por esta altura, todo o continente africano tinha depositadas no Gana todas as esperanças em levar mais além o bom nome de África.

A Argentina era encarada como uma das fortes candidatas ao título. Mas a selecção de Maradona não conseguiu formar um grupo coeso e eficaz aproveitando o enorme talento dos seus jogadores. Refiro apenas Messi, Tevez, Higuain... e Diego Milito que começou quase sempre no banco. Frente à Alemanha a sua defesa foi excessivamente pacífica encaixando 4 golos.

O Brasil é sempre um favorito, o maior, à conquista do título mundial. Desta vez repetiu-se o cenário de 2006. A canarinha foi para casa nos quartos de final, agora frente à Holanda. O Brasil até lá tinha feito exibições q.b. principalmente devido ao talento de Robinho, Luís Fabiano e Maicon. Kaká foi uma das desilusões. Dunga também não foi fácil, insultou jornalistas. Mas esse agora já não preocupa ninguém, pois já não é seleccionador do Brasil.

Quanto a Portugal, apenas marcou num jogo e foram logo 7. 7-0 frente à Coreia do Norte, de longe a selecção mais fraca de todo o mundial. Foi um jogo ao ritmo de um treino. Antes um 0-0 com a Costa do Marfim, depois novo nulo com o Brasil e nos oitavos uma derrota por 1-0 com a vizinha do lado. Para sempre ficará na memória, pelo menos na minha, as palavras do CAPITÃO Cristiano Ronaldo, que passou ao lado, quando disse "Explicações? Falem com o Carlos Queiroz". Ficou a ideia que Portugal seria capaz de melhor, mas não foi. Não quis! Apenas lamento o facto de Eduardo não ter ido mais além. Ele sim foi o maior "navegador" da nossa selecção.

A França e a Itália foram os palhaços do mundial, entraram de nariz impinado e sairam de rabo entre as pernas. A Inglaterra também não foi melhor, passou aos oitavos em 2º lugar, mas levou 4 da Alemanha. A grande sensação na fase de grupos foi a Eslováquia, país estreante que conseguiu passar aos oitavos de final e a Nova Zelândia, única selecção do mundial que não perdeu qualquer jogo. Uma palavra para o Chile que trouxe um futebol vistoso, um dos melhores do mundial, mas que não foi mais além devido ao vizinho Brasil que o afastou nos oitavos.

Falando agora da arbitragem, foi um mundial com altos e baixos. Nos primeiros dias dizia-se que estava a ser um mundial com excelentes arbitragens. E estava. Mas depois começaram as exibições medíocres dos homens do apito. Foi a de Massimo Busacca no África do Sul-Urugai, nem apitou mais nenhum jogo. Foi a de Koman Coulibaly no Eslovénia-EUA que invalidou um golo limpo dos americanos que daria a vitória. Carlos Batres não esteve nada bem ao "oferecer" um penalty à Itália frente à Nova Zelândia, que veio a anular aquela que seria a grande humilhação italiana (perder com a N.Zelândia). Foi o saudita Khalil Al Ghamdi que não esteve nada bem no Chile-Suiça. Mas a pior arbitragem da fase de grupos foi a de Stephane Lannoy no Brasil-Costa do Marfim ao não ver duas mãos nos golos do Brasil, isto para além de outros lances aos quais o francês fes vista grossa. Nos oitavos foi o que se viu. Larrionda e Rosetti com erros crassos no Alemanha-Inglaterra e no Argentina-México que influenciaram decisivamente o resultado dos encontros. Héctor Baldassi saiu-se mal no jogo Espanha-Portugal, com a "ajuda" do auxiliar que não viu o fora-de-jogo de Villa no golo da vitória. Estas foram as piores arbitragens do mundial.

Portugal até pode dizer que chegou aos quartos de final. Mas por intermédio de Olegário Benquerença, José Cardinal e Bertino Miranda. O trio de arbitragem portuguesa, sem apitar nenhum jogo que envolvesse equipas "grandes" chegou além com mérito fruto de duas grandes arbitragens quer no Japão-Camarões quer no Nigéria-Coreia do Sul (jogo que decidiria o 2º do grupo B). Como tal foi premiado com o Uruguai-Gana dos quartos de final, onde esteve mais uma vez bem em todos os capítulos. Benquerença recebeu críticas de alguns portugueses por não ter um rendimento tão bom em Portugal como o que teve na África do Sul. Foi o oitavo árbitro português nos mundiais e foi o primeiro a apitar mais que 2 jogos e o primeiro a chegar a uma fase tão adiantada. Olegário, José e Bertino dignificaram a arbitragem portuguesa.

Ficam agora os meus destaques:
Melhor jogador - Diego Forlán
Pior jogador - Ry Myon Guk (GR da Coreia Norte)
Melhor equipa - Espanha
Pior equipa - Coreia do Norte
Equipa desilusão - Itália
Equipa sensação - Uruguai
Melhor árbitro - Ravshan Irmatov (Uzbequistão)
Pior árbitro - Koman Coulibaly (Mali)
Onze ideal - Casillas; Maicon, Piquet, Bruno Alves, Van Bronckhorst; Busquets, Xavi, Sneijder; Forlan, Robben, Villa.
Melhor técnico - Oscar Tabarez (Uruguai)
Pior técnico - Raymond Domenech (França)

domingo, 11 de julho de 2010

África do Sul vitoriosa no Mundial 2010.




A Espanha sagrou-se pela primeira vez na sua História campeã mundial de futebol. Para mais tarde recordar fica também o primeiro mundial organizado no continente africano. A África do Sul foi o privilegiado ao receber o certame das 32 melhores selecções do mundo. Quem sabe se um dia esta competição regressará a África.

Foram 31 dias de espectáculo. Um mês de futebol de manhã à noite. Um mês ao som de vuvuzelas. 9 cidades, 10 estádios, tudo foi preparado ao mais ínfimo pormenor. No início pensava-se que os estádios não iriam estar prontos a tempo, que as infra-estruturas estariam ainda a meio gás. Mas tudo isso não passou de um mero receio. Apesar de não ter comprovado por mim mesmo, quem esteve na África do Sul fala de um país bem preparado, com redes de transporte desenvolvidas e suficientes quer para os adeptos quer para os jornalistas, de um país com capacidade de acolher todos os que a visitassem e isso, apesar de não aparecer no pequeno ecrã, foi importante para o sucesso deste organização.

Quanto aos estádios, esses estiveram prontos a tempo do início da competição. Eram recintos com todas as condições de segurança e de trabalho para a comunicação social, lamentando apenas o mau estado do relvado em vários estádios. Por isso a falha que eu aponto à organização é a da existência de apenas 10 estádios no mundial, o que obriga a uma pressão sobre o relvado muito maior do que a que verificou na Alemanha em 2006, onde havia 12 estádios. Não percebo o esforço financeiro para construir de raiz os estádios de Nelspruit e Polokwane para depois terem apenas 4 jogos da fase de grupos, e haver o estádio de Rustenburgo (a meu ver o mais "fraquinho" do lote) com 5 jogos na fase de grupos e um dos oitavos de final, sendo que apenas foi alvo de pequenas remodelações. Ainda a respeito dos estádios, dizer que é incompreensível Nelspruit só receber o primeiro jogo no último dia da primeira ronda, numa altura em que vários estádios já tinham recebido 2 jogos e estavam próximos de um 3º. Nestes o relvado estaria obviamente em mau estado.

A segurança foi a grande dúvida de todos. É do conhecimento popular que a África do Sul não é propriamente um país seguro, até houve assaltos a jornalistas, já no decorrer do campeonato, que questionaram ainda mais este parâmetro. Isto para não falar das possíveis ameaças terroristas que estavam apontadas principalmente para o jogo entre Inglaterra e Estados Unidos, em Rustenburgo. Felizmente não passou de uma mera especulação. De qualquer modo, os sistemas de segurança junto aos estádios, junto aos hotéis das selecções, junto aos centro de estágio, e pelas ruas das cidades, foram muito apertados, o que nos leva a parabenizar todos os responsáveis pela segurança pois não houve qualquer incidente de maior.

O mundial do México de 1986 ficou conhecido pela famosa onda nas bancadas e pelos "olé" que ainda hoje os mexicanos impõem quando a sua selecção joga. O mundial da África do Sul ficou eternamente marcado pelas vuvuzelas, as cornetas ensurdecedoras que tanto irritaram treinadores, jogadores, árbitros, adeptos, televisões. Mas não houve nenhum jogo onde não se ouvisse a vuvuzela. Foi um ícon desta campeonato que trouxe um grande ambiente aos estádios. De resto, todos os adeptos que foram ao país mais austral de África mostraram um espírito bastante animado, mesmo que os resultados dentro de campo não fossem os mais desejados. Africanos, europeus, asiáticos, americanos, oceânicos, todos se reuniram na grande festa que é o futebol. Do 11 de Junho ao 11 de Julho houve de tudo o que é bom, que se pode resumir numa só palavra: FESTA!

Acabou. Vamos todos ficar com saudades de ver estas gentes de todo o mundo a conviver antes, durante de depois dos jogos, de ver paisagens magníficas e estádios esplendorosos. A África do Sul venceu, trouxe o continente africano a um patamar nunca antes visto.

And the winner is: SOUTH AFRICA

terça-feira, 29 de junho de 2010

O curral que abrigou as freiras.

Por entre as numerosas, íngremes e esbeltas montanhas da ilha da Madeira esconde-se um aglomerado populacional cuja história lhe trouxe um nome curioso, bizarro, e o passar do tempo e investimento das autoridades lhe deu um lugar de destaque entre as zonas mais belas e visitadas da Madeira. Falo do Curral das Freiras.



O Curral das Freiras, ou simplesmente Curral, é uma freguesia do concelho de Câmara de Lobos e tem uma população de aproximadamente 3 mil habitantes. Além do seu nome ser estranho, já lá vamos, curioso é o facto de ser uma freguesia do referido município e ter a única via de acesso através do Funchal. Para lá chegarmos, agora (muito recentemente) temos um túnel que liga a zona alta da freguesia de Santo António (Funchal) ao Curral, mas até lá a única via rodoviária de acesso era, também, através da zona alta de Santo António. Uma estrada estreita, muito sinuosa, por muitos considerada perigosa e em mau estado. Já muita gente passou por momentos de aflição quando lá tentavam chegar, em viaturas ligeiras ou mesmo em autocarros, o que fazia aumentar ainda mais a tensão entre os passageiros, principalmente nas curvas mais apertadas.

Quanto à questão do nome, a razão pela qual o Curral das Freiras assim se chama é, segundo vários autores madeirenses, a da atribuição da propriedade dos terrenos desta zona às freiras do Convento de Santa Clara, no Funchal, que data dos anos 90 do século XV. Curral é o nome que designa um esconderijo, o lugar onde se guardam as cabras. Em 1566, um conjunto de corsários franceses, ou piratas se preferirem, invadiu a cidade do Funchal, o que levou as freiras do Convento a se refugiarem naquele lugar por entre as montanhas, onde, seguramente, os piratas não iriam chegar. Assim aconteceu. A partir de então este "buraco", sem qualquer tipo de maldade da minha parte, passou a se chamar de Curral das Freiras.

Só em 1790, mais concretamente no dia 17 de Março, é que o Curral das Freiras adquiriu o estatuto de freguesia. Até então era apenas uma paróquia da freguesia de Santo António. Esta mudança foi autorizada por Carta Régia pela Rainha D. Maria I.

O isolamento do Curral das Freiras em relação à sede de concelho, Cª Lobos, leva a que muitos dos assuntos dos habitantes sejam tratados no Funchal e não em Câmara de Lobos, nomeadamente aquelas papeladas que aborrecem sempre as pessoas anualmente, mensalmente, enfim. Além disto, o abastecimento de água e electricidade é da responsabilidade do município do Funchal. Há sempre um pequeno corpo de bombeiros (B.V.C.Lobos) destacado no Curral das Freiras, pois caso haja alguma emergência, não é tão demorada a chegada da assistência. Imagine-se, se não houvesse, a demora que levaria uma ambulância a ir de C.Lobos ao Curral das Freiras. A nível escolar, apenas há no Curral duas escolas básicas de 1º ciclo, sendo que a partir daí os jovens têm de se deslocar às Escolas de Santo António, ou mesmo no centro do Funchal.

Para estas deslocações foi extremamente fundamental o estabelecimento de uma linha de autocarros entre o centro do Funchal e o Curral das Freiras, que é da responsabilidade da empresa "Horários do Funchal", que além de transportadora urbana, também dispõe de serviços interurbanos. As pessoas têm assim uma solução para os seus problemas, que além disto, vem favorecer a afluência turística ao local.

Com o tempo, a Madeira tem vindo a crescer a olhos vistos no que a turismo diz respeito. Aliás, como é do conhecimento popular, o turismo é a principal fonte de receitas da RAM. E o Curral das Freiras é considerado um dos locais mais procurados pelos turistas, a par de todo o Funchal e da Camacha, isto, claro, para quem não vem fazer só praia...

Este é um vale que oferece a quem o visita uma das melhores paisagens de toda a ilha. Apetece-me dizer que nem dá vontade de ir até lá abaixo, tal é a beleza captada pelas nossas retinas. E porquê? Porque no início da descida para o centro do Curral existe um miradouro, o da Eira do Serrado, cuja vista é idêntica a esta que está mais acima. Estar aqui é um privilégio. Mesmo assim, vale a pena ir até ao centro.

Cá de baixo olhamos para cima e deparamo-nos com um cenário único: estamos completamente rodeados de montanhas. Para visitar há, desde logo, a Igreja matriz, a Igreja de Nossa Senhora do Livramento, e outras capelas. Depois existem várias lojas de artesanato e de lembranças da freguesia e da região que espelham a tradição cultural madeirense. Almoçar ou jantar no Curral é sempre uma excelente opção, pois come-se muito bem nesta zona, onde destacam-se vários pratos tradicionais da Madeira e ainda alguns pratos típicos desta freguesia, onde não faltam o
inhame, a batata doce, a pimpinela e a castanha.

A castanha é, de resto, o fruto principal desta zona, pelo que todos os anos, no início de Novembro, há a festa da castanha que reune milhares de madeirenses e, claro está, de turistas. Ir à festa da castanha é do melhor que há. Quem lá vai é sempre regalado com um bom ambiente, mas mais que isso, é brindado por uma variedade de artigos com base em castanhas. Vendem-se castanhas no seu estado puro, assadas, sopa de castanha, tartes e tortas de castanha, enfim, há uma variedade de produtos quer nas barracas de comes e bebes quer nos bares e restaurantes. Ah, e há sempre a bela sangria, o reconhecido Vinho da Madeira, a ginja (bebida à base de cereja) e, como não podia deixar de ser, a sempre desejada Poncha da Madeira, que partilham com os grupos de folclore e outros grupos musicais a tarefa de "aquecer" o povo que veio ao centro do Curral das Freiras. A nível cultural, há que destacar ainda o
Grupo de Folclore da Casa do Povo do Curral das Freiras, muito conhecido na região.

Para as pessoas mais dispostas a caminhar, sempre podem optar pelos trilhos que ligam vários pontos da ilha ao Curral. Podem percorrer a vereda que dá acesso à freguesia nortenha de Boaventura, num percurso com 16km e que pode demorar até 9horas. Mas também há outros mais curtos. Existe a Levada do Curral até ao Castelejo, com 10km de extensão e que não demora mais de 5 horas a ser percorrido. Para quem está no Jardim da Serra (com vista para o Curral) sempre pode utilizar a vereda da Boca dos Namorados para chegar ao centro do Curral. Pode até ser mais rápido do que ir de carro, pois teríamos que descer até ao Funchal e subir até Santo António e descer até ao Curral. Porque entre Jardim da Serra e o Funchal há a Ribeira dos Socorridos que "obriga" todos a virem ao Funchal.

Com este texto espero ter cativado todos os leitores a um dia visitarem o Curral das Freiras que é, sem dúvida, um lugar explêndido e com muito para dar a quem o visita.

PS: Peço perdão a Nossa Senhora do Livramento por nunca ter ido ao Curral das Freiras...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Uma surpresa neste mundial

Quem olha de repente nem se apercebe da sua presença, e até há quem já a tenha no lote dos eliminados logo na fase de grupos. A Eslovénia marca presença, pela segunda vez na sua história, num Mundial de Futebol. Em 2002 não foi além da fase de grupos. Os eslovenos tiveram que recorrer ao play-off para chegar à África do Sul, depois de ultrapassar adversários como a República Checa, a Polónia e a Irlanda do Norte - a Eslováquia venceu o grupo.




Para muitos foi uma façanha impensável, mas a verdade é que a Eslovénia conseguiu ultrapassar no play-off a favorita Rússia. A equipa de Arshavin, Zhirkov, Pogrebnyak, Ankyfeev e companhia não foi suficiente para eliminar a equipa de Pecnik, atleta do Nacional da Madeira.

Depois de ter chumbado no teste da primeira mão, em Moscovo, a derrota por 2-1 abriu alguma esperança para a segunda mão, na medida em que um golo daria vantagem aos eslovenos. Foi isso que aconteceu. Em Maribor, um golo de Zlatko Dedic deu a vitória e o acesso à fase de grupos do Mundial da África do Sul.

Com isto, os Zmajceki (alcunha da selecção, que simboliza Dragões, em honra ao dragão que aparece no brazão da capital Ljubliana) conseguiram largar os lugares abaixo dos 40 no ranking da FIFA e catapultou para os primeiros 20, tendo alcançado a melhor classificação de sempre no mês de Abril atingindo o 23º lugar. Hoje está no 25º posto.

Agora a tarefa é mais complicada. No grupo C do Mundial, a Eslovénia tem pela frente a Inglaterra, os Estados Unidos e a Argélia. Não é fácil chegar ao 2º posto, pois à partida a equipa de Fabio Capello irá vencer o grupo, mas não é impossível. A Eslovénia, pode aproveitar o embate histórico entre ingleses e norte-americanos para, se vencer à Argélia, colocar pressão nestes que são os seus principais adversários e ganhar vantagem que é importante num mundial.

A Eslovénia começa então esta caminhada frente à Argélia, em Polokwane, depois joga com os E.U.A. no Ellis Park de Joanesburgo e, em Port Elizabeth, termina a fase de grupos frente à Inglaterra.

Não é, nem de perto nem de longe, favorita à passagem aos oitavos de final, mas num Mundial qualquer equipa deve ser levada em linha de conta, ainda para mais sabendo que deixou fora do certame a Rússia.