quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Espírito Natalício

É envolvido numa bela manta junto à lareira que escrevo este que é o meu primeiro post no "1991" depois de terminado o Mundial da África do Sul (não falemos disso, pode ser?).

O Natal é uma época do ano que sempre me deixou super feliz, ansioso (para abrir prendas, decorar a árvore e toda a casa, ir à célebre Missa do Galo, etc.), e mais aberto às outras pessoas, salvo seja.

Eu até podia estar aqui com as conversas de que o mais importante é reunir a família, jogar às cartas ou dominó o dia inteiro, conversar sobre a bola e as novelas da TVI, enfim... Mas isto é aquilo que todos nós podemos fazer regularmente, basta irmos de manhã à praça que encontramos meia dúzia de velhos a falar das "roubalheiras" do futebol português, basta irmos aos domingos à casa dos avós, enfim.

É por isso que para mim o Natal é muito mais do que estar em família (sem dúvida o ponto essencial desta quadra). O Natal é comer bolinhos caseiros da avó/mãe/tia... O Natal é beber licores e poncha até que a minha mãe grite "ANDRÉÉÉÉÉÉÉÉÉ TEM JUIZOOOO".

O Natal é ir ao Funchal ver as luzes espalhadas pela baixa ao som de bandas filarmónicas, de grupos de folclore, ou de simples músicas da época que tocam nas colunas ao longo das artérias da capital madeirense. O Natal é tirar fotografias até esgotar a memória da máquina, para depois fazer inveja aos coleguinhas da Faculdade, lá no Porto.

O Natal é também ir às missas do parto todos os dias (eu não vou todos, mas vou quase todos, afinal de contas elas são às 6h da manhã) para cantar, tocar os sininhos no fim, ou simplesmente para ouvir as canas rachadas dignas de participação no novo programa da SIC "Achas que sabes cantar?". Ah, e ir à missa do galo, obviamente, quanto mais não seja para beber vinho Madeira e comer bolo de mel (à saída da Igreja) gentilmente oferecidos pela Junta de Freguesia.

O Natal é ainda comer Tangerinas (a fruta típica na Madeira) e atirar os caroços para o meio do poio (poio na sua definição madeirense). O Natal é sentir o frio das noites de 23, 24, 25 e 26.

Eu já nem falo das prendas de Natal. É que descobri há poucos dias que o Pai Natal não existe, de facto, algo que me deixou deveras defraudado.

Para todos os que lerem este post desejo um FELIZ NATAL, cheio de saúde, paz, alegria, bolinhos, licores, missas, tangerinas, ponchas, and so on, and so on...

Para fazer inveja a muitos, ou não, ficam aqui algumas fotografias tiradas há uns dias atrás na baixa do Funchal.




segunda-feira, 12 de julho de 2010

Espanha, o campeão inédito.



11 conta 11 e no fim ganhou... a Espanha. "Nuestros hermanos" alcançaram pela primeira vez na história o título de campeão mundial. Na final de Joanesburgo, "La Roja" venceu a Holanda por 1-0. Iniesta foi o herói ao apontar o tento a 3 minutos do fim do prolongamento. Agora que acabou o mundial, é altura de olhar para trás e ver o que foi bom e o que foi menos bom.

A começar pela campeã Espanha. Teve o seu pior momento na estreia no campeonato do mundo frente à Suiça, no primeiro jogo. A derrota por 1-0 foi a grande surpresa da primeira jornada, o que levou aos mais críticos pensarem que a Espanha não iria longe. Enganaram-se. Seguiu-se uma vitória por 2-0 ante as Honduras e por 2-1 frente aos Chilenos, no jogo que ditou o confronto ibérico os oitavos de final. Frente a Portugal, os espanhóis venceram por 1-0, golo de David Villa. E foi sempre pela margem mínima que a Espanha chegou ao título de campeã. Assim derrubou Paraguai, Alemanha e Holanda. Justiça feita, os espanhóis foram os melhores entre os 32 candidatos. Praticaram bom futebol, para o qual contribuiu a espinha dorsal catalã. Sim, por exemplo na final, 7 dos 11 jogadores em campo eram do Barcelona.

A Holanda foi uma digna vencida. Na verdade nunca ninguém falou dela antes de protagonizar um dos grandes resultados deste mundial: vitória por 2-1 frente ao Brasil. Só a partir de então a equipa do "ilustre desconhecido" Bert Van Marwijk começou a ser levada a sério. Sjneider e Robben, como seria de esperar, foram os melhores. Aliás, foram eles que trouxeram a Laranja mecânica ao palco da final.

A Alemanha pode ser considerada uma desilusão apesar de ter alcançado o 3º lugar. Para mim foi. Por 3 vezes goleou (4-1 à Inglaterra, 4-0 à Austrália e à Argentina), o que a trouxe ao patamar de favorita à conquista do título. Tal não aconteceu. Entrou medonha na meia-final com a Espanha e sofreu com isso. No jogo de apuramento dos 3º e 4º lugares sofreu para vencer o Uruguai.

O primeiro campeão mundial de sempre foi a grande surpresa desta prova. Começou no grupo onde tinha a África do Sul, o México e a França. Conseguiu a proeza de vencer o grupo à frente dos anfitriões e do campeão de 98, eles que ficaram pelo caminho. Nos oitavos de final a Coreia do Sul fo resistente mas não o suficiente. O jogo dos quartos de final frente ao Gana foi o mais frenético de todo o mundial. Uma mão de Suarez sobre a linha de golo no último segundo do prolongamento evitou a eliminação uruguaia frente aos africanos. Ironia do destino, passaram na mesma. Na meia final com a Holanda perderam por 3-2, sendo que nos últimos instantes quase chegavam ao 3-3. Foi também o mesmo resultado no jogo de Port Elizabeth contra a Alemanha. O Uruguai também merecia ter chegado ainda mais acima do que este 4º posto. Para isto muito contribuiu a experiência de Diego Forlan e o talento de Luis Suarez, para não falar do trabalho árduo dos "portugueses" Alvaro Pereira, Fucile e Maxi Pereira, sempre eficazes na hora "H".

O Gana equiparou o feito dos Camarões em 1994 e do Senegal em 2002, chegando aos quartos de final. E podia muito bem ter ido mais longe, não fosse Gyan rematar à trave na cobrança da grande penalidade no jogo com o Uruguai. Foi a melhor selecção africana apesar de não ter contado com a estrela principal, Michael Essien. Por esta altura, todo o continente africano tinha depositadas no Gana todas as esperanças em levar mais além o bom nome de África.

A Argentina era encarada como uma das fortes candidatas ao título. Mas a selecção de Maradona não conseguiu formar um grupo coeso e eficaz aproveitando o enorme talento dos seus jogadores. Refiro apenas Messi, Tevez, Higuain... e Diego Milito que começou quase sempre no banco. Frente à Alemanha a sua defesa foi excessivamente pacífica encaixando 4 golos.

O Brasil é sempre um favorito, o maior, à conquista do título mundial. Desta vez repetiu-se o cenário de 2006. A canarinha foi para casa nos quartos de final, agora frente à Holanda. O Brasil até lá tinha feito exibições q.b. principalmente devido ao talento de Robinho, Luís Fabiano e Maicon. Kaká foi uma das desilusões. Dunga também não foi fácil, insultou jornalistas. Mas esse agora já não preocupa ninguém, pois já não é seleccionador do Brasil.

Quanto a Portugal, apenas marcou num jogo e foram logo 7. 7-0 frente à Coreia do Norte, de longe a selecção mais fraca de todo o mundial. Foi um jogo ao ritmo de um treino. Antes um 0-0 com a Costa do Marfim, depois novo nulo com o Brasil e nos oitavos uma derrota por 1-0 com a vizinha do lado. Para sempre ficará na memória, pelo menos na minha, as palavras do CAPITÃO Cristiano Ronaldo, que passou ao lado, quando disse "Explicações? Falem com o Carlos Queiroz". Ficou a ideia que Portugal seria capaz de melhor, mas não foi. Não quis! Apenas lamento o facto de Eduardo não ter ido mais além. Ele sim foi o maior "navegador" da nossa selecção.

A França e a Itália foram os palhaços do mundial, entraram de nariz impinado e sairam de rabo entre as pernas. A Inglaterra também não foi melhor, passou aos oitavos em 2º lugar, mas levou 4 da Alemanha. A grande sensação na fase de grupos foi a Eslováquia, país estreante que conseguiu passar aos oitavos de final e a Nova Zelândia, única selecção do mundial que não perdeu qualquer jogo. Uma palavra para o Chile que trouxe um futebol vistoso, um dos melhores do mundial, mas que não foi mais além devido ao vizinho Brasil que o afastou nos oitavos.

Falando agora da arbitragem, foi um mundial com altos e baixos. Nos primeiros dias dizia-se que estava a ser um mundial com excelentes arbitragens. E estava. Mas depois começaram as exibições medíocres dos homens do apito. Foi a de Massimo Busacca no África do Sul-Urugai, nem apitou mais nenhum jogo. Foi a de Koman Coulibaly no Eslovénia-EUA que invalidou um golo limpo dos americanos que daria a vitória. Carlos Batres não esteve nada bem ao "oferecer" um penalty à Itália frente à Nova Zelândia, que veio a anular aquela que seria a grande humilhação italiana (perder com a N.Zelândia). Foi o saudita Khalil Al Ghamdi que não esteve nada bem no Chile-Suiça. Mas a pior arbitragem da fase de grupos foi a de Stephane Lannoy no Brasil-Costa do Marfim ao não ver duas mãos nos golos do Brasil, isto para além de outros lances aos quais o francês fes vista grossa. Nos oitavos foi o que se viu. Larrionda e Rosetti com erros crassos no Alemanha-Inglaterra e no Argentina-México que influenciaram decisivamente o resultado dos encontros. Héctor Baldassi saiu-se mal no jogo Espanha-Portugal, com a "ajuda" do auxiliar que não viu o fora-de-jogo de Villa no golo da vitória. Estas foram as piores arbitragens do mundial.

Portugal até pode dizer que chegou aos quartos de final. Mas por intermédio de Olegário Benquerença, José Cardinal e Bertino Miranda. O trio de arbitragem portuguesa, sem apitar nenhum jogo que envolvesse equipas "grandes" chegou além com mérito fruto de duas grandes arbitragens quer no Japão-Camarões quer no Nigéria-Coreia do Sul (jogo que decidiria o 2º do grupo B). Como tal foi premiado com o Uruguai-Gana dos quartos de final, onde esteve mais uma vez bem em todos os capítulos. Benquerença recebeu críticas de alguns portugueses por não ter um rendimento tão bom em Portugal como o que teve na África do Sul. Foi o oitavo árbitro português nos mundiais e foi o primeiro a apitar mais que 2 jogos e o primeiro a chegar a uma fase tão adiantada. Olegário, José e Bertino dignificaram a arbitragem portuguesa.

Ficam agora os meus destaques:
Melhor jogador - Diego Forlán
Pior jogador - Ry Myon Guk (GR da Coreia Norte)
Melhor equipa - Espanha
Pior equipa - Coreia do Norte
Equipa desilusão - Itália
Equipa sensação - Uruguai
Melhor árbitro - Ravshan Irmatov (Uzbequistão)
Pior árbitro - Koman Coulibaly (Mali)
Onze ideal - Casillas; Maicon, Piquet, Bruno Alves, Van Bronckhorst; Busquets, Xavi, Sneijder; Forlan, Robben, Villa.
Melhor técnico - Oscar Tabarez (Uruguai)
Pior técnico - Raymond Domenech (França)

domingo, 11 de julho de 2010

África do Sul vitoriosa no Mundial 2010.




A Espanha sagrou-se pela primeira vez na sua História campeã mundial de futebol. Para mais tarde recordar fica também o primeiro mundial organizado no continente africano. A África do Sul foi o privilegiado ao receber o certame das 32 melhores selecções do mundo. Quem sabe se um dia esta competição regressará a África.

Foram 31 dias de espectáculo. Um mês de futebol de manhã à noite. Um mês ao som de vuvuzelas. 9 cidades, 10 estádios, tudo foi preparado ao mais ínfimo pormenor. No início pensava-se que os estádios não iriam estar prontos a tempo, que as infra-estruturas estariam ainda a meio gás. Mas tudo isso não passou de um mero receio. Apesar de não ter comprovado por mim mesmo, quem esteve na África do Sul fala de um país bem preparado, com redes de transporte desenvolvidas e suficientes quer para os adeptos quer para os jornalistas, de um país com capacidade de acolher todos os que a visitassem e isso, apesar de não aparecer no pequeno ecrã, foi importante para o sucesso deste organização.

Quanto aos estádios, esses estiveram prontos a tempo do início da competição. Eram recintos com todas as condições de segurança e de trabalho para a comunicação social, lamentando apenas o mau estado do relvado em vários estádios. Por isso a falha que eu aponto à organização é a da existência de apenas 10 estádios no mundial, o que obriga a uma pressão sobre o relvado muito maior do que a que verificou na Alemanha em 2006, onde havia 12 estádios. Não percebo o esforço financeiro para construir de raiz os estádios de Nelspruit e Polokwane para depois terem apenas 4 jogos da fase de grupos, e haver o estádio de Rustenburgo (a meu ver o mais "fraquinho" do lote) com 5 jogos na fase de grupos e um dos oitavos de final, sendo que apenas foi alvo de pequenas remodelações. Ainda a respeito dos estádios, dizer que é incompreensível Nelspruit só receber o primeiro jogo no último dia da primeira ronda, numa altura em que vários estádios já tinham recebido 2 jogos e estavam próximos de um 3º. Nestes o relvado estaria obviamente em mau estado.

A segurança foi a grande dúvida de todos. É do conhecimento popular que a África do Sul não é propriamente um país seguro, até houve assaltos a jornalistas, já no decorrer do campeonato, que questionaram ainda mais este parâmetro. Isto para não falar das possíveis ameaças terroristas que estavam apontadas principalmente para o jogo entre Inglaterra e Estados Unidos, em Rustenburgo. Felizmente não passou de uma mera especulação. De qualquer modo, os sistemas de segurança junto aos estádios, junto aos hotéis das selecções, junto aos centro de estágio, e pelas ruas das cidades, foram muito apertados, o que nos leva a parabenizar todos os responsáveis pela segurança pois não houve qualquer incidente de maior.

O mundial do México de 1986 ficou conhecido pela famosa onda nas bancadas e pelos "olé" que ainda hoje os mexicanos impõem quando a sua selecção joga. O mundial da África do Sul ficou eternamente marcado pelas vuvuzelas, as cornetas ensurdecedoras que tanto irritaram treinadores, jogadores, árbitros, adeptos, televisões. Mas não houve nenhum jogo onde não se ouvisse a vuvuzela. Foi um ícon desta campeonato que trouxe um grande ambiente aos estádios. De resto, todos os adeptos que foram ao país mais austral de África mostraram um espírito bastante animado, mesmo que os resultados dentro de campo não fossem os mais desejados. Africanos, europeus, asiáticos, americanos, oceânicos, todos se reuniram na grande festa que é o futebol. Do 11 de Junho ao 11 de Julho houve de tudo o que é bom, que se pode resumir numa só palavra: FESTA!

Acabou. Vamos todos ficar com saudades de ver estas gentes de todo o mundo a conviver antes, durante de depois dos jogos, de ver paisagens magníficas e estádios esplendorosos. A África do Sul venceu, trouxe o continente africano a um patamar nunca antes visto.

And the winner is: SOUTH AFRICA

terça-feira, 29 de junho de 2010

O curral que abrigou as freiras.

Por entre as numerosas, íngremes e esbeltas montanhas da ilha da Madeira esconde-se um aglomerado populacional cuja história lhe trouxe um nome curioso, bizarro, e o passar do tempo e investimento das autoridades lhe deu um lugar de destaque entre as zonas mais belas e visitadas da Madeira. Falo do Curral das Freiras.



O Curral das Freiras, ou simplesmente Curral, é uma freguesia do concelho de Câmara de Lobos e tem uma população de aproximadamente 3 mil habitantes. Além do seu nome ser estranho, já lá vamos, curioso é o facto de ser uma freguesia do referido município e ter a única via de acesso através do Funchal. Para lá chegarmos, agora (muito recentemente) temos um túnel que liga a zona alta da freguesia de Santo António (Funchal) ao Curral, mas até lá a única via rodoviária de acesso era, também, através da zona alta de Santo António. Uma estrada estreita, muito sinuosa, por muitos considerada perigosa e em mau estado. Já muita gente passou por momentos de aflição quando lá tentavam chegar, em viaturas ligeiras ou mesmo em autocarros, o que fazia aumentar ainda mais a tensão entre os passageiros, principalmente nas curvas mais apertadas.

Quanto à questão do nome, a razão pela qual o Curral das Freiras assim se chama é, segundo vários autores madeirenses, a da atribuição da propriedade dos terrenos desta zona às freiras do Convento de Santa Clara, no Funchal, que data dos anos 90 do século XV. Curral é o nome que designa um esconderijo, o lugar onde se guardam as cabras. Em 1566, um conjunto de corsários franceses, ou piratas se preferirem, invadiu a cidade do Funchal, o que levou as freiras do Convento a se refugiarem naquele lugar por entre as montanhas, onde, seguramente, os piratas não iriam chegar. Assim aconteceu. A partir de então este "buraco", sem qualquer tipo de maldade da minha parte, passou a se chamar de Curral das Freiras.

Só em 1790, mais concretamente no dia 17 de Março, é que o Curral das Freiras adquiriu o estatuto de freguesia. Até então era apenas uma paróquia da freguesia de Santo António. Esta mudança foi autorizada por Carta Régia pela Rainha D. Maria I.

O isolamento do Curral das Freiras em relação à sede de concelho, Cª Lobos, leva a que muitos dos assuntos dos habitantes sejam tratados no Funchal e não em Câmara de Lobos, nomeadamente aquelas papeladas que aborrecem sempre as pessoas anualmente, mensalmente, enfim. Além disto, o abastecimento de água e electricidade é da responsabilidade do município do Funchal. Há sempre um pequeno corpo de bombeiros (B.V.C.Lobos) destacado no Curral das Freiras, pois caso haja alguma emergência, não é tão demorada a chegada da assistência. Imagine-se, se não houvesse, a demora que levaria uma ambulância a ir de C.Lobos ao Curral das Freiras. A nível escolar, apenas há no Curral duas escolas básicas de 1º ciclo, sendo que a partir daí os jovens têm de se deslocar às Escolas de Santo António, ou mesmo no centro do Funchal.

Para estas deslocações foi extremamente fundamental o estabelecimento de uma linha de autocarros entre o centro do Funchal e o Curral das Freiras, que é da responsabilidade da empresa "Horários do Funchal", que além de transportadora urbana, também dispõe de serviços interurbanos. As pessoas têm assim uma solução para os seus problemas, que além disto, vem favorecer a afluência turística ao local.

Com o tempo, a Madeira tem vindo a crescer a olhos vistos no que a turismo diz respeito. Aliás, como é do conhecimento popular, o turismo é a principal fonte de receitas da RAM. E o Curral das Freiras é considerado um dos locais mais procurados pelos turistas, a par de todo o Funchal e da Camacha, isto, claro, para quem não vem fazer só praia...

Este é um vale que oferece a quem o visita uma das melhores paisagens de toda a ilha. Apetece-me dizer que nem dá vontade de ir até lá abaixo, tal é a beleza captada pelas nossas retinas. E porquê? Porque no início da descida para o centro do Curral existe um miradouro, o da Eira do Serrado, cuja vista é idêntica a esta que está mais acima. Estar aqui é um privilégio. Mesmo assim, vale a pena ir até ao centro.

Cá de baixo olhamos para cima e deparamo-nos com um cenário único: estamos completamente rodeados de montanhas. Para visitar há, desde logo, a Igreja matriz, a Igreja de Nossa Senhora do Livramento, e outras capelas. Depois existem várias lojas de artesanato e de lembranças da freguesia e da região que espelham a tradição cultural madeirense. Almoçar ou jantar no Curral é sempre uma excelente opção, pois come-se muito bem nesta zona, onde destacam-se vários pratos tradicionais da Madeira e ainda alguns pratos típicos desta freguesia, onde não faltam o
inhame, a batata doce, a pimpinela e a castanha.

A castanha é, de resto, o fruto principal desta zona, pelo que todos os anos, no início de Novembro, há a festa da castanha que reune milhares de madeirenses e, claro está, de turistas. Ir à festa da castanha é do melhor que há. Quem lá vai é sempre regalado com um bom ambiente, mas mais que isso, é brindado por uma variedade de artigos com base em castanhas. Vendem-se castanhas no seu estado puro, assadas, sopa de castanha, tartes e tortas de castanha, enfim, há uma variedade de produtos quer nas barracas de comes e bebes quer nos bares e restaurantes. Ah, e há sempre a bela sangria, o reconhecido Vinho da Madeira, a ginja (bebida à base de cereja) e, como não podia deixar de ser, a sempre desejada Poncha da Madeira, que partilham com os grupos de folclore e outros grupos musicais a tarefa de "aquecer" o povo que veio ao centro do Curral das Freiras. A nível cultural, há que destacar ainda o
Grupo de Folclore da Casa do Povo do Curral das Freiras, muito conhecido na região.

Para as pessoas mais dispostas a caminhar, sempre podem optar pelos trilhos que ligam vários pontos da ilha ao Curral. Podem percorrer a vereda que dá acesso à freguesia nortenha de Boaventura, num percurso com 16km e que pode demorar até 9horas. Mas também há outros mais curtos. Existe a Levada do Curral até ao Castelejo, com 10km de extensão e que não demora mais de 5 horas a ser percorrido. Para quem está no Jardim da Serra (com vista para o Curral) sempre pode utilizar a vereda da Boca dos Namorados para chegar ao centro do Curral. Pode até ser mais rápido do que ir de carro, pois teríamos que descer até ao Funchal e subir até Santo António e descer até ao Curral. Porque entre Jardim da Serra e o Funchal há a Ribeira dos Socorridos que "obriga" todos a virem ao Funchal.

Com este texto espero ter cativado todos os leitores a um dia visitarem o Curral das Freiras que é, sem dúvida, um lugar explêndido e com muito para dar a quem o visita.

PS: Peço perdão a Nossa Senhora do Livramento por nunca ter ido ao Curral das Freiras...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Uma surpresa neste mundial

Quem olha de repente nem se apercebe da sua presença, e até há quem já a tenha no lote dos eliminados logo na fase de grupos. A Eslovénia marca presença, pela segunda vez na sua história, num Mundial de Futebol. Em 2002 não foi além da fase de grupos. Os eslovenos tiveram que recorrer ao play-off para chegar à África do Sul, depois de ultrapassar adversários como a República Checa, a Polónia e a Irlanda do Norte - a Eslováquia venceu o grupo.




Para muitos foi uma façanha impensável, mas a verdade é que a Eslovénia conseguiu ultrapassar no play-off a favorita Rússia. A equipa de Arshavin, Zhirkov, Pogrebnyak, Ankyfeev e companhia não foi suficiente para eliminar a equipa de Pecnik, atleta do Nacional da Madeira.

Depois de ter chumbado no teste da primeira mão, em Moscovo, a derrota por 2-1 abriu alguma esperança para a segunda mão, na medida em que um golo daria vantagem aos eslovenos. Foi isso que aconteceu. Em Maribor, um golo de Zlatko Dedic deu a vitória e o acesso à fase de grupos do Mundial da África do Sul.

Com isto, os Zmajceki (alcunha da selecção, que simboliza Dragões, em honra ao dragão que aparece no brazão da capital Ljubliana) conseguiram largar os lugares abaixo dos 40 no ranking da FIFA e catapultou para os primeiros 20, tendo alcançado a melhor classificação de sempre no mês de Abril atingindo o 23º lugar. Hoje está no 25º posto.

Agora a tarefa é mais complicada. No grupo C do Mundial, a Eslovénia tem pela frente a Inglaterra, os Estados Unidos e a Argélia. Não é fácil chegar ao 2º posto, pois à partida a equipa de Fabio Capello irá vencer o grupo, mas não é impossível. A Eslovénia, pode aproveitar o embate histórico entre ingleses e norte-americanos para, se vencer à Argélia, colocar pressão nestes que são os seus principais adversários e ganhar vantagem que é importante num mundial.

A Eslovénia começa então esta caminhada frente à Argélia, em Polokwane, depois joga com os E.U.A. no Ellis Park de Joanesburgo e, em Port Elizabeth, termina a fase de grupos frente à Inglaterra.

Não é, nem de perto nem de longe, favorita à passagem aos oitavos de final, mas num Mundial qualquer equipa deve ser levada em linha de conta, ainda para mais sabendo que deixou fora do certame a Rússia.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Haverá sucesso africano?



É já de hoje a oito que África do Sul e México darão o pontapé de saída deste Mundial de Futebol, a realizar no extremo sul do continente africano. Jornalistas portugueses que já lá chegaram descrevem um país pronto, mas ainda com algumas lacunas em reparo, como o caso que algumas vias rodoviárias que ainda se encontram em expansão e manutenção. Mas mesmo assim, não há dúvidas que este mundial será um sucesso.

No que a selecções diz respeito, só uma entre as 32 terá o dito sucesso que todas ambicionam, quando levantar o caneco no Soccer City de Joanesburgo, a 11 de Julho.

Entre as selecções apuradas encontramos 6 do continente africano: Camarões, Nigéria, Costa do Marfim, Gana, Argélia e, claro, a anfitriã África do Sul. Os povos destes países, mas sobretudo todo o povo africano deposita esperanças nestas selecções. Num ano em que, pela primeira vez um Mundial é disputado em solo africano, também todos os africanos esperam que seja o primeiro mundial a ser ganho por um país africano.

Aliás, nunca uma equipa africana chegou a uma final de um campeonato do mundo. A etapa mais avançada a que uma equipa africana conseguiu chegar foi os quartos de final, e apenas por duas vezes. Os Camarões chegaram a esta fase no Mundial de 1990, sendo eliminados pela Inglaterra (3-2). Já no Mundial da Coreia/Japão, em 2002, foi o Senegal a chegar aos quartos. A equipa na altura treinada pelo francês Bruno Metsu acabou por ser eliminada pela Turquia (0-1), fruto do já inexistente "golo d'ouro".

No Mundial de 2006, o Gana foi a única selecção africana a transitar para os oitavos de final. Nesta fase, o Brasil levou a melhor (3-0). Togo, Angola, Tunísia e Costa do Marfim não foram capazes de chegar aos 16 melhores.

Depois de, no Mundial da Alemanha, a Costa do Marfim ter estado no chamado "grupo da morte", com a Argentina, a Holanda e a Sérvia-Montenegro, os elefantes voltam a estar no "grupo da morte". Agora os companheiros do grupo G são o Brasil, a Coreia do Norte e Portugal. Se os costa-marfinenses tivessem sido sorteados num outro grupo que não este, seriam certamente favoritos à passagem à fase seguinte. Mas num grupo onde há 3 equipas com aspirações a tal e uma outra que pode, e tentará com certeza, baralhar as contas do grupo, a Costa do Marfim vê-se novamente numa situação difícil. Mas mesmo assim, continua a ser a principal esperança africana neste Mundial. A Costa do Marfim é a selecção mais apetrechada de talentos em todo o continente africano. Apenas refiro Drogba e Kalou (Chelsea), Eboué (Arsenal), Kolo Touré (Man.City), Yaya Touré (Barcelona), Zokora (Sevilha) e Koné (O.Marselha). 6 jogadores de altíssima competição, com grande experiência. E melhor que isto é ter ao comando um devorador, uma raposa do futebol mundial: Sven-Goran Eriksson! Sem dúvida que podem chegar bem longe neste mundial, mas esperemos que para tal Portugal não fique pelo caminho...

A selecção dos Camarões é outra esperança africana. Também está num grupo difícil, com a Holanda - dispensa apresentações, a Dinamarca, que fez a vida negra a Portugal no apuramento e vai voltar a fazê-lo de certeza no caminho para o Euro-2012, e o Japão, que há bem poucos dias atrás deu a cara, e muito bem, frente a uma Inglaterra que só conseguiu o triunfo no último quarto de hora com dois autogolos nipónicos. De qualquer modo, podemos teoricamente juntar os Camarões à Dinamarca no lote de segundos favoritos à passagem neste grupo E. A Holanda é 100% favorita.

Os africanos têm em Samuel Eto'o a principal figura e a principal seta à baliza adversária. Cá atrás, o seleccionador francês Paul Le Guen conta com jogadores como Alexandre Song (Arsenal) e Jean Makoun (Lyon). O meio-campo desta equipa já recebeu grandes elogios pela qualidade de posse de bola. A grande fragilidade é a defesa, e o jogo com Portugal na Covilhã mostrou isso mesmo, ainda que os camaroneses tenham jogado com menos um durante cerca de uma hora. A selecção dos Camarões inicia a sua caminha frente ao Japão, em Bloemfontein, depois jogam em Pretoria frente à Dinamarca (jogo que pode definir muito deste grupo E) e termina a fase de grupos frente à "laranja mecânica", na Cidade do Cabo.

A selecção africana que era uma esperança mas agora já nem cai em ilusões é o Gana. É que a principal figura, Michael Essien, não vai ao Mundial, devido a uma lesão. Ainda assim, num grupo onde está a Alemanha, a Sérvia e a Austrália, o Gana pode surpreender. No futebol tudo é possível. Sem Essien, a figura passa a ser Muntari do Inter de Milão. Mas o melhor é esperar para ver.

A Nigéria regressa ao Mundial depois a ausência no de 2006. Depois de ter alcançado os oitavos de final nos mundiais de 1994 e 98, os nigerianos procuram uma chegada aos quartos de final. Mas primeiro há que ultrapassar no grupo B adversários de nome como a Argentina, a Grécia e a Coreia do Sul. A selecção alvi-celeste é a grande favorita, mas depois dela tanto os africanos, como os gregos e os coreanos têm hipóteses de passar à etapa seguinte. É mais um grupo equilibrado onde qualquer prognóstico pode ser precipitado.

Obi-Mikel do Chelsea é a grande estrela desta selecção que, como é hábito, virá vestida de verde de cima a baixo. Além de Mikel não devemos esquecer jogadores como Obafemi Martins do Wolfsburgo e Yakubu do Everton. É uma equipa que sem qualquer estrela nas posições mais recuadas, apresenta uma defesa consistente, o que no mundial pode valer muito nas contas do apuramento. A Nigéria defronta primeiro a Argentina no Ellis Park de Joanesburgo, depois joga com a Grécia em Bloemfontein e termina a fase de grupos frente aos sul-coreanos em Durban. É uma forte esperança africana, ora não estivesse vestida de verde.

A Argélia teve de recorrer a um jogo de desempate no Sudão para eliminar o Egipto e garantir a presença no Mundial. No grupo C, com a super-favorita Inglaterra e ainda com os Estados Unidos da América e a Eslovénia, os argelinos não partem nem como segundos favoritos. Mas mesmo assim, há que recordar a boa prestação desta selecção no CAN 2010, que ficou no 4º lugar. Os jogos com o Egipto para o apuramento ao Mundial foram muito bons. A Argélia conta com jogadores como Karim Ziani do Wolfsburgo, mas também os conhecidos Yebda, que passou pelo Benfica, e ainda Halliche do Nacional da Madeira. Não tem assim grandes nomes, mas tem jogadores que jogam em ligas europeias bastante competitivas, na Escócia, na França, na Alemanha, na Inglaterra, na Espanha, Itália e Grécia. Repito que não é favorita ao 2º lugar, mas pode cair em graça sem ser engraçada.

Finalmente temos a África do Sul, o país organizador. Carlos Alberto Parreira não tem estrelas, mas o fortíssimo apoio do público promete ser decisivo. As únicas participações dos sul-africanos em Mundiais foram em 1998 e 2002, não passando da fase de grupos. Frente à França, ao México e Uruguai, a África do Sul, se fosse num mundial noutro país qualquer, seria o principal candidato a ficar pelo caminho. Mas a história diz-nos que o factor casa é decisivo. Portanto, teremos de esperar para ver o que esta equipa consegue fazer. Esperemos é que não haja qualquer tipo de semelhança com o que ocorreu no Mundial de 2002 em que a Coreia do Sul foi autenticamente "levada ao colo" até às meias-finais. Mas também esperemos que a França não seja beneficiada como tem vindo a ser nestes últimos meses...

Perante esta análise, não há nenhuma equipa africana com sucesso garantido neste Mundial. Mas que há muita qualidade e possibilidades de passagem às fases seguintes, lá isso há.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Euforia entre saltos e piões. (a minha primeira reportagem)

Cerca de 45 mil pessoas na Avenida dos Aliados, no Porto, para assistir ao terceiro Road Show em todo o mundo. Em 2007 foi em Varsóvia e no ano passado em Buenos Aires. O evento marca o tão desejado regresso dos ralis ao Norte do país e antecipa o Vodafone Rally de Portugal, que começa no dia 27.

Grandes saltos e muitos piões estão reservados para esta tarde domingo bem quente, com temperatura a rondar os 30ºC, e com os espectadores protegidos do escaldante Sol por bonés distribuídos de forma gratuita, encarnados e com o símbolo da rede de comunicações que patrocina o Rali de Portugal. De um extremo ao outro, nas margens e no centro da Avenida, por todo o lado estão pessoas à espera que os bólides acelerem pelo troço de 950 metros desenhado por Armindo Araújo.

O campeão mundial de produção em título diz que “o circuito até é bastante interessante”. Armindo Araújo começa por prometer aos portugueses uma vitória no grupo N, no Vodafone Rally de Portugal. O piloto de Santo Tirso agradece aos colegas por estarem presentes neste Porto Road Show, que proporcionarão um “grande espectáculo”.

Sem dúvida que as expectativas são as maiores, pois entre os 13 pilotos presentes estão nomes como Sébastien Loëb, Daniel Sordo, Kimi Raikkonen, Mikko Hirvonen, Jari-Matti Latvala, além dos portugueses Bernardo Sousa, Armindo Araújo e Vítor Pascoal. Foram ainda convidados nomes não tão sonantes, como Nick Georgiou, Peter Horsey, Hayden Paddon, Alex Raschi e Ott Tänak, todos membros da equipa Pirelli Star Driver, da Mitsubishi.

E não é o simulador WRC a captar a maior parte da atenção do público que correu à baixa. Para as 14h30 está marcada uma sessão de autógrafos com todos os pilotos disponíveis para rubricar os cartazes (grandes, médios e pequenos) que estão a ser distribuídos pelas assistentes de organização. É um autêntico gáudio quando o speaker de serviço anuncia o início da sessão. De uma ponta à outra da mesa estão os pilotos rodeados de repórteres de imagem/fotográficos. Apesar não haver excessos, é impossível a organização evitar alguma confusão à entrada para o espaço.

A alegria de ter a assinatura de alguns dos ídolos do desporto automóvel é imensa. David é testemunha disso: “estou muito feliz, já tenho o autógrafo do Armindo, do Pascoal, e de mais alguns”. Apesar da euforia, alguns permanecem um pouco tristes por não chegar a tempo de conseguir uma rubrica, uma foto, ou simplesmente um olhar daquele que seguramente é o mais popular entre todos: o francês Sébastien Loëb. Adelino Aguiar até trouxe um Citroën C4 em miniatura para o hexa-campeão do mundo de WRC assinar, o que acabou por não acontecer. Apesar da desilusão, Adelino aposta na vitória do francês para o Rali de Portugal, apesar de preferir a vitória de “um português, o Armindo”. Este adepto do automobilismo acrescenta o desejo de voltar a ver o Rali de Portugal no Norte do país.

Acaba a sessão com muitas pessoas ainda à espera do autógrafo. É que às 15h30 tem início a fase de adaptação ao traçado. Antes disso, Bernardo Sousa mostra a sua satisfação pelo desenho da etapa: “é um traçado magnífico, muito bem conseguido. Estão reunidas todas as condições para que seja um grande espectáculo”, diz o piloto madeirense.

E é nesta pausa antes do aquecimento que os pilotos dialogam com os jornalistas. Mikko Hirvonen fala das diferenças existentes entre usar um carro de estrada, neste caso, e usar um carro de competição, o que está para acontecer na próxima semana. O piloto finlandês da Ford diz que “enquanto é necessário haver maior cuidado com suspensão e diferenciais no Rali de Portugal por causa dos saltos e das rochas escondidas, neste tipo de provas não é preciso tanta precaução”. Hirvonen acha o carro de estrada mais “confortável” e o carro de competição mais “eficaz”. O compatriota e companheiro de equipa de Hirvonen, Jari-Matti Latvala, destaca as dificuldades sempre presentes no Rali de Portugal e elogia o trabalho de Araújo na elaboração do traçado, que o finlandês considera “interessante.”

Chegada a hora do início da fase de preparação, os milhares de amantes do desporto automóvel deliram quando vêem a bandeira portuguesa ser agitada por Mikko Hirvonen durante a sua passagem pelo circuito. O furor repete-se aquando da entrada de Armindo Araújo e Bernardo Sousa na pista, eles que têm a bandeira nacional colocada na parte traseira do automóvel, com o acréscimo de Bernardo Sousa não esquecer as suas origens e querer mostrar também a bandeira da Madeira.

Importa referir que cada passagem pelo circuito dos Aliados dura cerca de um minuto. Daí que tanto a Ford como a Citroën tenham trazido apenas um veículo para Hirvonen e Lattvala, e para Loëb, Sordo e Raikkonen.

Com o decorrer da primeira sessão de treinos, acentua-se ainda mais o gosto pelo traçado idealizado por Armindo Araújo. O jornalista da RTP e habitual elemento das corridas em Portugal, João Fernando Ramos, afirma que esta etapa é “fantástica”. E vai mais além quando defende a vinda do Rali de Portugal para o Norte: “É aqui no norte que há mais avisionados, mas o turismo e o dinheiro obriga a que o Rali ainda seja no Algarve”.

Quem também simpatiza com esta prova é o hexa-campeão mundial Sébastien Loëb. O francês está protegido por um guarda-sol, numa das esplanadas junto ao parque, com a companhia de outros elementos da Citroën onde a boa disposição é notória. Ele diz ter gostado do momento passado na pista e que “isto é mais para o público, mas nós divertimo-nos muito”. O Rali de Portugal é um poço de “boas recordações” para o gaulês, ele que elogia a prova e o país por haver sempre um “bom ambiente”.

Ainda antes do início de mais uma sessão de treinos, um aglomerado de pessoas corre para a escada de acesso à bancada VIP situada entre os espaços Paddock, semelhante ao parque de assistências de uma prova de Rali normal. É que uma senhora tinha desmaiado na bancada. A confusão é tanta que a mulher teve de ser deitada no chão, à espera do INEM que, mesmo situado a escassos metros de distância, tardava em chegar por causa do camião da Ford que bloqueava o acesso da maca ao local. Um automóvel acabou por ser afastado e a mulher é levada pelo INEM. A organização do Road Show tratou de assegurar todas as condições, com várias unidades do INEM presentes no local, para além das cerca de 120 unidades de segurança pública destacados para o evento, segundo elemento oficial.

Na segunda sessão de treinos, merece destaque Armindo Araújo, para o qual é dirigido um grande aplauso, e ainda Bernardo Sousa que esbarrou com a parte dianteira do carro numa das barreiras de segurança, danificando o pára-choques do seu Ford Fiesta S2000. A situação de pronto veio a ser resolvida. Sem dar espectáculo, mas também merecedor de uma grande ovação, é uma das ambulâncias do INEM obrigada a passar pela pista, única hipótese. Momento inesperado nesta tarde. Outro episódio curioso é a constante corrida dos agentes policiais, mas à busca de um autógrafo.

Meia dúzia de automóveis clássicos pelos Aliados é a surpresa da tarde. Os convidados de honra são os pilotos presentes no espectáculo que, sentados na traseira dos veículos, dão a volta ao circuito, possibilitando a captura de melhores fotos, a troca de olhares, sorrisos e acenos com o público, pois o desfile decorre a uma velocidade a que os automobilistas não estão habituados. Tanto que Armindo Araújo terá tido o tempo suficiente para ler o cartaz “Armindo e Miguel, o Porto orgulha-se de vocês”. Miguel Ramalho é o co-piloto de Araújo.

Já para lá das cinco da tarde começa a verdadeira prova de Rali que, não obstante ser só de exibição, sempre tem um favorito ao melhor tempo, como é o caso de Loëb. Ainda assim, é Dani Sordo a receber mais aplausos, pois é o que mais espectáculo dá nos saltos e nas zonas de piões. Consegue um registo de 52.9 segundos. Mais uma vez os portugueses são os mais acarinhados pelo público.

A prova acaba e fica à vista que estas gentes querem mais, muito mais. Não só a nível de iniciativas a esta semelhantes, mas também no que a autógrafos e fotografias diz respeito. Sordo assegurou o melhor tempo. Quer Loëb, quer Raikkonen procuraram superar a marca do espanhol, mas o C4 da Citroën ficou com alguns problemas electrónicos impeditivos de uma prestação ao mais alto nível.

Após a recolha de todas as equipas aos seus espaços de assistência, é a corrida total dos espectadores a um autógrafo. Quem consegue mesmo uma foto com todos os pilotos foi o Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, e Carlos Barbosa, o presidente da ACP, Automóvel Club de Portugal, entidades organizadoras da prova.
Os pilotos do mundial WRC rapidamente abandonam o recinto, com Loëb, Sordo, Hirvonen e Latvala ainda a distribuírem algumas assinaturas. Apenas Raikkonen passou pelos espectadores sem olhar, sorrir ou acenar.

Ainda tempo para declarações dos pilotos portugueses. A começar pela equipa de Vítor Pascoal que faz um balanço “positivo”. “É uma iniciativa de louvar da ACP e da Câmara do Porto e espero que repitam porque todo o público gostou e isto beneficia a cidade do Porto”, afirma o piloto de Amarante. Bernardo Sousa também partilha da mesma opinião que o companheiro e, questionado sobre qual a mão que lhe dói mais, respondeu: “a esquerda, por dar tantos autógrafos”.

Ainda pela zona estão o Presidente da ACP e o Autarca do Porto. Carlos Barbosa fala numa “coisa maior para o ano que vem”. É uma possibilidade a ser ponderada, pois “vale a pena, mas não podemos fugir muito deste género”, assegura Carlos Barbosa, que sugere a realização do evento à noite. Rui Rio afigura-se mais satisfeito pela promoção da cidade: “toda esta prova foi vista em todo o lado”. Tal como Barbosa, Rui Rio deseja um novo Road Show em 2011. “Provavelmente vai repetir-se, foi um êxito”, declara o autarca da Invicta com um sorriso rasgado de orelha a orelha.

Por entre as árvores dos Aliados ainda está Armindo Araújo. O piloto felicita a organização e sobre 2011 diz com convicção: “Gostaram? Então vamos repetir.”

Ficam agora todos os apaixonados pelo automobilismo à espera que 2011 chegue rápido e com um novo Road Show, enquanto os funcionários da Câmara passam o resto do dia a recolher todo o lixo espalhado pela Avenida, hoje transformada numa espécie de autódromo.

domingo, 30 de maio de 2010

Senhor Contente



Faz hoje 50 anos de carreira aquele que fica para sempre conhecido como o Senhor Contente.

Nicolau Breyner é um dos nomes mais sonantes da representação no nosso país. É um actor incontornável. Algúem que aprende todos os dias algo de novo e, mais ainda, ensina sempre o que sabe sem pensar no seu prestígio ou sucesso que possa vir a perder. Isto é o que dizem os colegas e amigos.

O que eu digo é que N. Breyer é para mim uma referência.
Fico derretido com a capacidade que ele tem para se adaptar a todo o papel que lhe calha, para ele agradável ou não, mas sempre com uma paixão muito intensa.
Já nem sei o que dizer.

Agradeço profundamente o contributo de Nicolau Breyner para toda a cultura portuguesa, um ícon da representação. é o senhor contente!!

sábado, 15 de maio de 2010

Sparta Praga campeão checo!

A equipa do Sparta de Praga sagrou-se hoje campeão nacional da República Checa. A equipa da capital já não celebrava o título desde a época 2006/2007, destronando assim o bi-campeão e eterno rival Slavia Praga.


Um golo solitário de Repka, aos 47 minutos, bastou para levar de vencida a formação do Teplice, equipa que acabou no 4º lugar.

O Sparta dependia apenas de si próprio para conquistar o título que lhe fugia há 2 épocas. Daí que a vitória do Jablonek (2º classificado) ante o Ceské (13º), por 2-0, não tenha sido de grande importância para a equipa de Jozef Chovanec. Mas acabou por beneficiar do empate do Banik Ostrava (3º) no reduto do Pribram (10º), pois partiram ambas as equipas com 59 pontos para esta última jornada. Ainda assim, o Banik esteve por 20 minutos na 1ª posição da tabela, ou seja, em posição de vitória no campeonato. Recordo que a equipa de Ostrava não é campeã desde a temporada 2003/2004.

As desilusões deste campeonato checo foram, sem quaisquer dúvida, o Slavia Praga e o Slovan Liberec. Equipas habituadas aos lugares cimeiros, inclusive o Slavia detentor até hoje do título de campeão, não foram além do 7º e 9º posto, respectivamente.

No 6º lugar ficou o Sigma Olomouc, também habituado às andanças europeias (nem que seja às pré-eliminatórias...), e no 8º posto ficou outra equipa de quem se esperava um pouco mais. O Mlada Boleslav, que também é cliente frequente da Europa, ficou-se pela oitava posição. Este colectivo já chegou a estar nas eliminatórias da Liga dos Campeões (onde foi eliminado pelo Galatasaray), fruto do seu segundo lugar conseguido em 2005/2006.

Este ano, descem ao segundo escalão do futebol checo, as equipas do Kladno e do Bohemians Praga. A equipa de Praga ficou com 4 pontos negativos.

Às eliminatórias da próxima edição da Liga dos Campeões irá apenas o Sparta de Praga. O Jablonec, o Banik e ainda o vencedor da Taça Checa irão à Liga Europa.

Nota: O Sparta Praga não poderá ser adversário do Sp.Braga na pré-eliminatória, visto que o Praga foi campeão e jogará a eliminatória na parte dos campeões, e o Braga foi segundo classificado, indo por isso para a parte dos "não-campeões".

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Tudo a postos para o GIRO D' ITALIA

No próximo Sábado vai começar a 93ª edição da Volta à Itália em Bicicleta. No ano passado a camisola rosa, a vitória na geral, foi para o russo Denis Menchov da equipa Rabobank. Este ano, será que haverá surpresas?


A primeira novidade passa pelo início da competição ter lugar na Holanda. As três primeiras etapas, entre as quais o contra-relógio (individual) inaugural, passarão pelas cidades de Amesterdão, Utrecht e Middelburg. O dia 11 de Maio será de descanso até porque há que percorrer centenas de quilómetros para chegar à Itália, onde irá começar a 4ª etapa, entre Savigliano e Cuneo(contra-relógio por equipas), no Noroeste transalpino.


A prova deste ano será, certamente, dura. Meia dúzia de etapas de alta montanha, com chegadas ao alto, proprícias a fugas que podem dar resultado. Mas também teremos estapas com montanha não muito íngreme, mais apropriadas aos sprinters que marcarão presença. Isto para além das etapas na Holanda e de uma ou duas na Itália sem qualquer tipo de subida difícil.


Destaque para a 16ª etapa, entre S. Vigilio di Marebbe e Plan de Corones, que será um contra-relógio de quase 13 km e que será... sempre a subir. Uma etapa de time-trial que irá dos 1187 aos 2273 km de altitude, sempre de cabeça a cima. Dura será também a 20ª etapa, já nos Alpes, entre Bormio e Ponte Li Legno, onde os ciclistas contarão com subidas e descidas constantes, duas das quais de alta dificuldade.


Quanto a possíveis vencedores posso frisar os seguintes nomes: Cadel Evans, Michele Scarponi, Alexandre Vinokourov, Carlos Sastre, Oscar Freire e Bradley Wiggins.


Destaque para as ausências de Denis Menchov (vencedor em 2009), de Alberto Contador, de Samuel Sanchez, de Luiz Leon Sanchez, Alejandro Valverde, Andy Schleck, Fabian Cancellara, Mark Cavendish, etc., todos eles a preparar os grandes e principais objectivos: o Tour de France.


Quanto a equipas, destaque para a ausência da Radioschack (de Lance Armstrong), da Française des Jeux e da Euskaltel-Euskadi. A LPR de Danilo Di Luca também não estará presente, ele que foi 2º no Giro do ano passado. É de salientar que a Saxo Bank e a Caisse d'Epargne vieram sem nenhum ciclista com vista à vitória na geral.

São apresentadas agora as equipas que vão participar no Giro d' Italia 2010, onde saliento os principais ciclistas e chefes de fila. Entres parêntesis está o código nominal de cada equipa.

BMC (BMC): Cadel Evans
Acqua & Sapone (ASA): Stefano Garzelli
AG2R La Mondiale (ALM): Hubert Dupont, Alexander Efimkin
Androni Giocattoli (AND): Michele Scarponi
Astana (AST): Alexandre Vinokourov
Bbox - Bouygues Telecom (BBO): Thomas Voeckler
Caisse d' Epargne (GCE): Marzio Bruseghin, David Arroyo
Cervélo (CTT): Carlos Sastre
Cofidis (COF): David Moncoutié
CSF Inox (CSF): Domenico Pozzovivo
Foton - Servetto (FOT): Ermanno Capelli
Garmin (GRM): David Millar, Christian Vande Velde, Tyler Farrar
Lampre (LAM): Damiano Cunego, Alessandro Petacchi
Liquigas (LIQ): Ivan Basso, Vincenzo Nibali
OmegaPharma - Lotto (OLO): Sebastian Lang
Quick Step (QST): Dario Cataldo
Rabobank (RAB): Oscar Freire
Sky (SKY): Bradley Wiggins
HTC - Columbia High Road (THR): Andre Greippel
Katusha (KAT): Filippo Pozzato, Vladimir Karpets, Robbie McEwan, Mikhail Ignatiev
Milram (MRM): Linus Gerdemann
Saxo Bank (SAX): Anders Lund

São estas as 22 equipas que irão disputar entre 8 e 30 de Maio a volta à Itália em bicicleta.

Para acabar, ficam as minhas apostas para as camisolas:

camisola rosa (vitória na geral): Alexandre Vinokourov
camisola roxa (vitória na classificação por pontos): Andre Greippel
camisola verde (vitória na classificação de montanha): Stefano Garzelli
camisola branca (juventude): Andre Greippel
melhor equipa: Garmin

Agora ou nunca.

Às 18 horas do próximo Domingo decide-se o campeão desta Liga Sagres 2009/2010. Temos dois candidatos, Benfica e Sp.Braga, e ambos sabem que se perderem os seus jogos, arriscam-se seriamente a ver o título por um canudo. Por outro lado, a meio desta luta, surge um 5º lugar de acesso às competições europeias que ainda é ambicionado por 3 equipas. Vitória de Guimarães, Marítimo e Nacional têm ainda uma palavra a dizer neste campo.




São apenas 3 jogos que se realizam à mesma hora. São apenas três jogos que podem decidir o que ainda está em águas de bacalhau. O Benfica recebe o Rio Ave, o Nacional recebe o Braga e o Marítimo vai à cidade berço defrontar o Guimarães. São três jogos que prometem emoções fortes e, esperemos, recheados de bom espectáculo e indecisão até ao último minuto.

Nas contas pelo título, começo por aí, a Luz vai estar lotada. Aliás, já desde a semana passada que se diz pelos media que não vai caber nem mais uma alma dentro daquele recinto, que pode vir abaixo com tanta euforia caso o Benfica, no mínimo, empate com o conjunto vilacondense, ou pode congelar autenticamente se os pupilos de Carlos Brito protagonizarem aquela que seria a surpresa da temporada (vitória na Luz) e o Braga vencer na Choupana.

Este é, de resto, o único cenário favorável à conquista do título pelos minhotos, pois todas as outras hipóteses são favoráveis às águias.

Há quem diga que o Benfica tem a tarefa mais fácil desta jornada e que o título já não vai fugir. Mas, atenção! O Marítimo empatou na Luz, o V. Guimarães eliminou o Benfica da Taça de Portugal. Nada impede que um Rio Ave habitualmente bem organizado defensivamente, excepto nos jogos com Olhanense e Sporting, onde encaixou 10 dos 31 golos sofridos até ao momento, vença. Até porque, como disse Domingos Paciência no fim do jogo com o Paços de Ferreira, o "Benfica está fragilizado". Um Benfica que pode falhar face a tanta pressão. Um Jesus que pode se entupir nalgum buraco, depois de proferir palavras de quem está 100% convencido que o Benfica será campeão.

Mas se for feita a justiça, o Benfica será campeão. Os encarnados merecem, pois foram a equipa mais regular e, diga-se em abono da verdade, a que melhor futebol praticou. Foi a melhor equipa. Mas se o Braga for campeão não será injusto, pois uma equipa que perde 2 dos 6 jogos com os 3 grandes, vencendo os restantes, e que traça um caminho regular ao longo destas 29 jornadas, também merece os festejos de campeão. Creio que ambos merecem. Mas ressalvo aqui que o Benfica foi melhor que o Braga nestas jornadas.

Mas para o Braga ser campeão, primeiro terá de vencer o Nacional... na Choupana. A Choupana já nos habituou que quem por lá passa, passa por extremas dificuldades, em condições normais, quer no que diz respeito à equipa de Manuel Machado, quer no que diz respeito às condições meteorológicas que costumam ser adversas. Esperemos que esteja bom tempo na tarde de Domingo para não ficarem dificultadas as tarefas das 3 equipas. Hoje estou preocupado, é que estou na Madeira e ainda não vi um dia de Sol! Se há nebolusidade na Madeira, haverá concerteza nevoeiro na Choupana... Mas bom.

O Nacional ainda luta pela Liga Europa. Para tal terá de vencer o Braga e esperar que o Marítimo ganhe em Guimarães. O jogo no D. Afonso Henriques promete, e muito.

Fica aqui a síntese das possibilidades nas contas pelo título e pela Liga Europa:

Benfica campeão se: o Braga não vencer o Nacional; se ganhar ou empatar com o Rio Ave, perante vitória do Braga na Madeira.

Braga campeão se: vencer o Nacional e o Benfica perder com o Rio Ave.

V. Guimarães na Liga Europa se: empatar ou vencer o Marítimo.

Marítimo na Liga Europa se: vencer o Vitória e o Nacional não ganhar ao Braga.

Nacional na Liga Europa se: vencer o Braga e o Marítimo vencer o Vitória. Nesta situação as três equipas ficam com 41 pontos, onde o Nacional leva vantagem no confronto directo com ambas as equipas.

Nesta última jornada veremos os benfiquistas a dependerem de si próprios, os minhotos a torcerem pelo Rio Ave, e o Nacional, ironia do destino, a torcer por uma vitória do... Marítimo! O melhor é esperar para ver, pois tudo pode acontecer. O que é certo é que às 20h de Domingo alguém já estará a festejar o título de CAMPEÃO!!

domingo, 2 de maio de 2010

TWENTE campeão.

Pela primeira vez na história, o FCTwente sagrou-se campeão da Holanda. A equipa de Steve McClaren garantiu o título após vitória no reduto do NAC Breda, por 2-0. O Ajax ficou a um ponto do título.


Estava muito por decidir quando as 18 equipas desta Eredivisie entraram em campo, todas às 13h30, hora portuguesa. Twente e Ajax eram os clubes que ainda procuravam o título, enquanto que AZ Alkmaar e Feyenoord batalhavam pelo 4º posto, pois o 3º já estava garantido à equipa do PSV Eindhoven. Na cauda da tabela, já se sabia que o Willem II e o RKC Waalwijk iriam descer ao segundo escalão.
O Ajax precisava de vencer e esperar por uma escorregadela do Twente. Mas o Twente acabou por ganhar por 2-0 em Breda, frente ao NAC, com golos de Ruiz e Stoch. O Ajax esmagou fora de portas o NEC Nijmegen por 4-1, com golos de Suarez (bisou), de Zeeuw e Pantelic para os de Amesterdão sendo que Ntibazonkiza reduziu para o NEC a 3 minutos do fim.
O Feyenoord conseguiu aproveitar o empate do AZ ante o PSV (1-1) para subir ao 4º lugar. A equipa de Roterdão golou o Heerenveen por 6-2.
No 6º lugar ficou o Heracles, que venceu o Den Haag por 4-2, quedando-se à frente do Utrecht, que não foi além de um 2 a 2 na recepção ao Vitesse.
Com o último campeão, AZ, a ficar em 5º lugar, a classificação ficou assim ordenada:
  • TWENTE, 86 pontos, LIGA DOS CAMPEÕES (directo)
  • AJAX, 85 pontos, LIGA DOS CAMPEÕES (eliminatória)
  • PSV EINDHOVEN, 78 pontos, LIGA EUROPA
  • FEYENOORD, 63 pontos, LIGA EUROPA
  • AZ ALKMAAR, 62 pontos, LIGA EUROPA
  • HERACLES, 56 pontos
  • UTRECHT, 53 pontos
  • GRONINGEN, 49 pontos
  • RODA, 47 pontos
  • NAC BREDA, 46 pontos
  • HEERENVEEN, 37 pontos
  • VVV VENLO, 35 pontos
  • NEC NIJMEGEN, 33 pontos
  • VITESSE, 32 pontos
  • DEN HAAG, 30 pontos
  • SPARTA ROTERDÃO, 26 pontos
  • WILLEM II, 23 pontos, DESPROMOVIDO
  • RKC WAALWIJK, 15 pontos, DESPROMOVIDO

sábado, 1 de maio de 2010

Sábado de altas temperaturas na Liga Vitalis.

Às 17h30 deste Sábado vão começar os 8 jogos desta 29ª jornada da Liga Vitalis. Está por decidir a promoção à Liga Sagres e a despromoção à II Divisão. O encontro de Santa Maria da Feira é o prato forte da ementa de hoje.


Jorge Sousa, da AFPorto, foi o árbitro designado para dirigir este encontro entre o Feirense e a Oliveirense. A equipa de Sta Maria da Feira está no 5º lugar com 46 pontos, enquanto que o conjunto de Oliveira de Azeméis é líder da classificação com 49. Ou seja, além de ser perceptível que os 5 primeiros estão separados apenas por 3 pontos, também é visível que, caso a Oliveirense sair vitoriosa da partida poderá garantir já a subida de escalão. Mas para isso é preciso que o Beira-Mar ou o Portimonense sejam derrotados nos seus encontros.

Em Portimão, o encontro entre o Portimonense e o Varzim tem uma importância extrema nas contas do campeonato. É que por um lado está o Portimonense que precisa de vencer para não olhar de longe os lugares cimeiros, e do outro lado está o Varzim que tem apenas um ponto de vantagem sobre o Sporting da Covilhã, primeira equipa abaixo da linha de água. E caso a distância se manter, pois bem, teremos um escaldante Varzim-Covilhã na última jornada.

O Beira-Mar joga hoje na Vila das Aves. Os aveirenses podem ter a tarefa menos dificultada, na medida em que o adversário já não luta por nenhum objectivo, pois há muito que assegurou a manutenção e está a 10 pontos dos lugares de acesso à I Liga.

Na cidade dos galos, o Santa Clara tem de vencer se quiser subir de divisão. Se os açorianos perderem com o Gil Vicente e se dois dos que vão à sua frente (Oliv., B-M., Portim.) vencerem, o Santa Clara dirá mais uma vez adeus aos grandes palcos, depois de uma época onde esteve na liderança e acabou por não subir. Os gilistas estão tranquilíssimos no 11º posto.

António Guterres, agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade da Beira Interior ainda ontem, pode muito bem ficar na Covilhã para assistir ao escaldante Covilhã-Chaves. Um ponto separam ambas as equipas que ainda lutam pela permanência. Se o Chaves vencer assegura a manutenção, o que já não pode acontecer caso seja a equipa da casa a triunfar.

Fátima-Estoril, Penafiel-Trofense e Carregado-Freamunde, são os restantes jogos que já nada decidem.

Ao fim da tarde já pode estar tudo decidido nesta sempre imprevisível Liga Vitalis. Se a Oliveirense e o Beira-Mar vencerem e o Portimonense e Santa Clara perderem, serão os de Oliveira de Azeméis e os de Aveiro a comemorar a subida de escalão. Se o Varzim e o Chaves ganharem os respectivos jogos, o Covilhã descerá à II Divisão, acompanhado pelo já condenado Carregado.

Mas não vale a pena colocar hipóteses, pois esta Liga de Honra já nos mostrou que tudo pode mudar quando menos se esperar.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Jornada de emoções fortes

É a 29ª jornada, e é a que pode decidir tudo... ou não.



Às 20h15 de Domingo joga-se pelo título, pelo acesso à Liga dos Campeões, à Liga Europa e estará também em disputa a permanência. Benfica, Braga, Porto, Vitória de Guimarães, Nacional, Marítimo, Leiria, Leixões, Olhanense, Vitória de Setúbal, é o leque das equipas que militam no primeiro escalão do futebol português e que ainda nada têm garantido.

Começando de baixo para cima, o já condenado Belenenses terá pela frente a União de Leiria, sendo que a equipa de Lito Vidigal necessita de ganhar e ter a sorte de o Guimarães, Marítimo e Nacional perderem para poder na última jornada lutar taco-a-taco pela Liga Europa.

Quente poderá estar a temperatura, principalmente no Algarve, onde Olhanense e Leixões disputarão a permanência. A equipa de Jorge Costa tem mais 4 pontos que a de Fernando Castro Santos, o galego que há bem pouco tempo afirmou ainda acreditar na manutenção. Mas, de facto, a tarefa dos de Matosinhos não é nada fácil, pois para além de jogarem num campo difícil onde não vai faltar apoio à equipa da casa, tem na última jornada um embate contra... o Sporting!

Com os mesmos pontos que os algarvios está o Vitória de Setúbal, que viaja ao Funchal para defrontar o Marítimo nos Barreiros. A situação já não é tão crítica como antes, mas se o Leixões vencer e o Setúbal não ganhar, a posição da equipa de Manuel Fernandes pode ficar em risco, ainda que na 30ª jornada receba o despromovido Belenenses. Do outro lado estará um Marítimo à procura dos 3 pontos e à procura, por assim dizer, da derrota do eterno rival Nacional e também pelo desaire do Vitória de Guimarães e mesmo do Leiria.

Quem já tem a manutenção assegurada é a Académica de André Villas Boas. Os estudantes recebem o Nacional. A equipa de Manuel Machado pretende garantir novamente a presença nas competições europeias. Três pontos separam os madeirenses do Vitória.

E por falar neles, os vimaranenses têm pela frente uma deslocação difícil: a Vila do Conde. Mas se atendermos às prestações do Rio Ave nestas últimas jornadas, pode-se dizer que a deslocação não é tão díficil como é pintada. Uma coisa é certa, este jogo pode ser extremamente decisivo nas contas pela Europa: caso a equipa do próximo treinador do Sporting, Paulo Sérgio, vença o grupo de Carlos Brito, Marítimo e União de Leiria ficam automaticamente arredados do sonho em jogar na nova competição da UEFA. O Nacional só pode ir à Liga Europa se o Vitória não vencer nenhum dos últimos jogos. É que se o Vitória vencer um que seja, na melhor das hipóteses o Nacional acaba a época com os mesmos pontos que os vimaranenses e aí a vantagem vai para os no Minho, dado que têm uma diferença de golos menos negativa que a turma da Choupana. Seria este o critério de desempate, porque no confronto directo, o Nacional venceu em casa por 2-0, tal como o Guimarães em sua casa.

O Sporting já tem garantida a presença na Liga Europa, mas precisa de um ponto para assegurar a quarta posição. Esse ponto pode ser já conquistado no jogo em casa com a Naval, já tranquilíssima no décimo lugar.

Ainda ao rubro anda a luta pelo título. O Benfica precisa de um único ponto para se sagrar já campeão, mas para tal acontecer terá de roubar 2 pontos... ao FCPorto, em pleno Estádio do Dragão. O FCPorto também vive dias de esperança, esperança em chegar ao segundo lugar, que dá acesso à eliminatória da Champions League. Para tal tem de vencer o Benfica e depois a União de Leiria e contar no máximo com um empate do Braga. Se o Braga vencer o Paços de Ferreira os dragões dizem adeus à Liga milionária. Se o Braga empatar ou perder, dirá também o adeus ao título e o Benfica será campeão.

O jogo decisivo, Porto-Benfica, será arbitrado pelo "trio maravilha" da arbitragem portuguesa: Olegário Benquerença, José Cardinal e Bertino Miranda, sendo Cosme Machado o 4º árbitro. No estádio AXA estarão João Ferreira, Luís Ramos e Pais António, e o 4º árbitro será Jorge Tavares.

Jogos à mesma hora significa emoção até ao último minuto, significa que qualquer segundo pode fazer a diferença, significa que não poderão ser combinados resultados. É uma jornada a não perder, que terá na RTP1 o Sporting-Naval, e nos vários canais da Sporttv o Porto-Benfica, o Braga-Paços, o Rio Ave-Guimarães e o Académica-Nacional.

Dizia o outro que prognósticos só no fim do jogo, pois então vêmo-nos perante uma situação extrema em que qualquer aposta é um risco, em que o improvável pode vir a acontecer, quem sabe.

Se quiserem façam como eu farei seguramente: colar os ouvidos à rádio e ouvir os relatos do início ao fim, receita onde toneladas de emoção não vão faltar.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

ARREPIANTE

Foi um jogo que decorreu este fim-de-semana na primeira liga da Áustria entre as equipas do LINZ e do SALZBURGO. O que acontece está à vista de todos e o infractor viu apenas o cartão amarelo. Parece-me que o nome deste jovem árbitro internacional (28 anos) ficará para sempre marcado na memória dos adeptos do Salzburgo. Chama-se Harald Lechner e recebeu as insígnias da FIFA pela primeira vez neste ano de 2010. Começa bem, sem dúvida...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

TEJ On-line. Jornalismo Assistido por Computador.

Inicialmente o tema que pretendia abordar era o futebol. Mas depois mudei para o ciclismo. Esta modalidade tem vindo a cativar cada vez mais pessoas, quer para a prática desportiva, quer para assistir ao vivo nas ruas, quer para assistir em casa na televisão. Recordo que a Volta à França em bicicleta de 2009 quebrou recordes de assistência nas ruas e na televisão, em todo o mundo.
Mas o Tour é lá mais para o Verão. Por agora temos as clássicas de um dia que trazem sempre enorme expectativa, quer em torno do seu traçado, sempre diferente, quer em torno do vencedor, pois é muito difícil prever que vencerá uma Amstel Gold Race, ou um Paris-Roubaix, etc.
E é precisamente sobre esta última prova, que liga a capital francesa a Roubaix, que recai este meu exercício de JAC.
Os endereços electrónico que escolhi para o exercício foram os seguintes:


Passo agora a justificar as minhas opções.

Primeiro, e como não podia deixar de ser, devo ter em linha de conta o site oficial da competição. O site indicado em primeiro lugar tem informações que mais nenhum outro tem, como por exemplo o perfil da etapa, os locais mais propícios a eventuais ataques dos ciclistas, todos os pormenores relacionados com as contagens de montanha ou de sprint, bem como as zonas de assistência alimentar. É neste site que encontramos as constituição detalhada de todas as equipas que alinham nas provas, o número do dorsal de cada ciclista. Passo a passo, segue-se em directo todas as ocorrências ao longo das tiradas e poucos segundos após a chegada dos primeiros já está disponível a classificação provisória e instantes depois já é actualizada a classificação geral. O letour.fr publica também dezenas de fotografias.


O vencedor do Paris-Roubaix foi o suiço Fabian Cancellara, que milita na equipa dinamarquesa Saxo Bank. Por isso, é a minha segunda opção o sítio oficial da Saxo Bank, onde encontro declarações oficiais do Cancellara, bem como de um dos directores do grupo dinamarquês, Bjarne Riis, e de um outro ciclista da equipa, que se viu forçado a abandonar a prova, Matti Breschel. Acabei por encontrar também uma tabela que mostra as 4 vitórias de Fabian Cancellara já amealhadas nesta temporada de 2010. Também podemos encontrar o desempenho de todos os ciclistas da equipa, algo que até pode ajudar a prever que atletas levará a Saxo Bank à Volta à Itália, que arranca já no próximo dia 8 de Maio.

Falar de ciclismo e não falar da Gazzetta dello Sport é quase um "pecado". Este famosíssimo jornal desportivo italiano é, do meu ponto de vista, o mais sério e mais completo na análise ao ciclismo. É uma modalidade muito abordada exaustivamente pelos jornalistas. Na página electrónica do jornal cor-de-rosa encontramos uma secção de ciclismo onde, na parte do Paris-Roubaix, consta todo o relato em tempo real do que vai se passando na etapa. São informações preciosíssimas que permitem perceber qual foi o momento decisivo no desfecho da prova; qual a altura crucial que levou Cancellara à vitória.

Também atribuo grande importância ao site da Eurosport. Primeiro porque é um canal internacional, de "nacionalidade" francesa; logo deverá ter uma abordagem fidedigna sobre esta competição. Depois porque é uma prova sempre acompanhada em directo na Eurosport, aqui em Portugal e, como tal, dispõe de comentários pertinentes e claros dos especialistas da casa.

Por fim decidi optar pelo site da UCI, a União Ciclista Internacional, não pelos dados da competição, porque estes estão dirigidos para a página letour.fr, mas sim pelas classificações individuais e colectivas do ciclismo profissional, o ranking mundial de pro-tour. São informações úteis que complementam todas as anteriores.

Como é perceptível, eu tenho enorme confiança nestas moradas da web e não tenho a mínima dúvida de que toda a informação é credível e verídica.

domingo, 11 de abril de 2010

Cancellara repete vitória de 2006.

O suiço Fabian Cancellara venceu esta tarde a clássica do ciclismo Paris/Roubaix. Tom Boonen, que já arrecadou esta competição por 3 ocasiões, foi o grande derrotado do dia.

Famosa pelos seus sectores em "pavé" e pelas quedas aparatosas, a clássica Paris/Roubaix foi mais uma vez difícil e muito disputada. Entre os principais candidatos à vitória estavam incluidos o belga Tom Boonen da Quick Step, o principal candidato, mas também o norte-americano George Hincapie, da BMC, e o suiço Fabian Cancellara, da Saxo Bank.
Este ano os ciclistas não tiveram que enfrentar o mau tempo que habitualmente se faz sentir por estas alturas no Norte de França, mas o vento foi uma presença constante e, diria eu, determinante para o desfecho da corrida.
Desde cedo um grupo de oito ciclistas se afastou do pelotão, onde figuravam estes três anteriormente mencionados e ainda Juan Antonio Flecha da Sky, Roger Hammond e Thor Hushovd da Cervélo, Bjorn Leukemans da Vacansoleil e o italiano Filippo Pozzato da Katusha.
Pozzato foi o primeiro a ficar para trás, mas quando faltavam cerca de 45/46 quilómetros para o fim Cancellara aproveitou um deslize de Boonen para lançar o ataque que veio a ser decisivo. Ninguém o conseguiu alcançar. Boonen tinha recuado para o fim do grupo a fim de se alimentar um pouco, só que o perspicaz suiço não desperdiçou esta soberana oportunidade.
Até ao fim da tirada o grupo que perseguia Cancellara nunca conseguiu dar mostras de ambição no sentido de reduzir a distância e alcançá-lo, até porque o desgaste físico já era grande, pois os principais pontos de pavé já eram passado.
Cancellara ainda passou por outros sectores de pavé, mas não foram impedimento para a sua consagração na chegada ao velódromo de Roubaix, perto da cidade de Lille.
Fabian Cancellara chegou emocionado e, perante o jornalista do canal 2 francês, apenas disse: "Não tenho palavras para descrever isto. No coments".
O ciclista da equipa dinamarquesa Saxo Bank confirmou mais uma vez a sua grande forma e grande qualidade na conquista de competições de curta duração. Porém, ele próprio está consciente da sua incapacidade de vencer o que qualquer ciclista sonha vencer: a volta à França.

sábado, 3 de abril de 2010

Até onde vai o nosso futebol?

Ontem assistimos a um sempre escaldante "derby" à moda do Minho, entre as duas mais importantes e emblemáticas equipas da região, o SC Braga e o Vitória SC.
Um derby é sempre um derby e, como tal, não é o mesmo se não tiver grandes doses de emoção, ainda para mais quando se fala de uma equipa que ainda luta pelo título e outra que procura o 4º posto.
Nestes últimos tempos, tem-se constatado uma reacção incorrectíssima por parte dos adeptos, dos elementos e dirigentes dos clubes, etc. Todos querem jogos emocionantes, mas quando assim são, ninguém, ou muito pouca gente, consegue suportá-la. O jogo de ontem foi o caso disso e que, de resto, se assemelha aos muitos jogos considerados "quentes" no nosso país. Têm em comum o facto do árbitro ser o principal foco de atenção.
Mas antes de ir à arbitragem, é lamentável haver ainda comportamentos absolutamente indecentes dentro de um recinto desportivo. Não foi preciso ver um AXA lotado para haver desacatos entre as claques. É verdade que os que pagam para entrar têm o direito de manifestar descordância com algumas decisões dos árbitros e dos treinadores. É verdade que têm o direito de apoiarem a sua equipa, quanto mais não seja para "picar" as claques adversárias, pois isso até traz algum brilho ao espectáculo. Mas nem por isso têm o direito de destruir bancadas, lançando cadeiras para as claques adversárias, enfim... Houve até quem se lembrasse de atirar um guarda-chuva para o terreno de jogo, numa altura que a meteorologia não dava garantias de bom tempo. Já é altura para aqueles que não tem comportamentos aceitáveis ficarem a assistir o jogo no pequeno ecrã.
O pior é que no meio disto tudo é o futebol português que sai prejudicado, e bastante. E numa altura em que se defende uma candidatura, conjunta com a Espanha, à organização do Mundial de Futebol em 2018/2022, a imagem de Portugal passada lá para fora é de uma atitude irresponsável e nada civilizada daqueles que não sabem assistir a uma grande partida de futebol sem causar destúrbios nas bancadas e/ou nas imediações do estádio. Todos se lembram dos confrontos entre claques do Sporting e do Atlético Madrid no jogo da liga europa. Todos também se lembram dos desacatos entre claques portistas e benfiquistas na chegada ao Algarve no dia da final da Carlsberg Cup, isto para não falar em (quase) todos os "derbys" e clássicos que envolvem as grandes equipas portuguesas. Já é tempo de alguém tomar medidas para evitar estas situações constrangedoras, aliás, vergonhosas!
Ainda hoje os mais sábios comentadores e críticos do mundo do futebol devem estar a discutir se houve ou não "penalty" neste ou naquele lance, se este ou aquele jogador mereceu o vermelho directo. Mas quem não tem tanto tempo, nem tantos meios, nem tantos ângulos de visão para decidir são eles, os árbitros. E são eles que acabam por receber as mais duras palavras dos técnicos, dirigentes, comentadores e adeptos. O jogo de ontem foi recheado de lances polémicos que deram a tal gota emocionante ao jogo. Algumas decisões passíveis de discussão, mas muitas outras correctíssimas. Houve 5 grandes penalidades, uma das quais corrigida com apoio do "bandeirinha", e bem, e 4 expulsões. Alguém dizia ontem durante o jogo que os "penaltys" existem e se existem são para ser assinalados, quando há motivo para tal. Artur Soares Dias entendeu que houve mais 4 lances de grande penalidade, assinalou-as e pronto. Não há nada a fazer. Na minha opinião, apenas o último, que deu a vitória ao Braga, é o mais polémico. Vendo algumas repetições, percebemos que o braço de Andrezinho não seria suficiente para fazer cair Renteria. Mas o ângulo da câmara que nos mostra a imagem é totalmente diferente daquele que tem o árbitro. O árbitro ao olhar para o lance vê o Andrezinho a colocar o braço em frente ao colombiano do Braga e ele cai. Claro que deve assinalar grande penalidade. Mas certamente que até Emílio Macedo teria feito o mesmo se fosse árbitro. Eu faria... Isto para não salientar os escassos décimos de segundo que um árbitro tem para tomar uma decisão. Mas pelos vistos há ainda quem não entenda isso. No meu entender os outros penaltys foram bem assinalados. Quanto aos vermelhos por acumulação, nada a dizer. Aos que foram por palavras, só o árbitro as ouviu... O caso Rodriguez, que viu um amarelo e depois um vermelho, foi um erro do árbitro, que pensou que o central bracarense já tivesse sido advertido. Ele continuou em campo, e bem. E agora pergunto: e se o árbitro não assinalasse as grandes penalidades? e se os jogadores bem expulsos tivessem continuado em campo? Creio que seria bem pior... Mas em Portugal os árbitros são "atropelados" quando assinalam e quando não assinalam, quando expulsam e quando deveriam expulsar e não o fizeram. Enfim...
A mim resta-me desejar que o futebol português adopte um rumo diferente; que as claques se comportem com a dignidade que os clubes e os restantes adeptos merecem; que os árbitros deixem de ser severamente criticados durante semanas a fio (é o que me parece que vai acontecer com Soares Dias), porque eles têm quem os avalie.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

"Bis" de Taquara em noite escaldante na Luz.


O Benfica até esteve a perder. Mas dois "penaltys" concretizados por Cardozo deram a vitória por 2-1 às águias, ante um Liverpool que apenas rematou meia dúzia de vezes. Vitória tagencial e traiçoeira é a que os encarnados têm agora que defender na próxima semana, na cidade dos Beatles.



Cerca de 63 mil vibraram ontem em mais uma noite gloriosa deste Benfica europeu. Na "final atecipada", assim considerada por Jesus, os encarnados garantiram a vitória frente a um Liverpool que até começou bem mas acabou mal. Os "reds" inauguraram o marcador logo aos 8 minutos, com um toque de calcanhar de Agger, a responder a um livre estudado e cobrado por Gerard. Até parecia um golo do Benfica, tal foi o ânimo dado pelo público à equipa da casa.

A partir de então o Benfica teve um período algo trémulo, mas a partir do quarto de hora foi a defesa do Liverpool que tremeu que nem varas verdes. Ocasião atrás de ocasião traduzia o poderio ofensivo benfiquista, mas que não deu em nada. Cardozo, Aimar, Di Maria, Ramires, todos tiveram lances de perigo. Em todos a bola levou o mesmo caminho, aquele que os portugueses não desejavam.

A situação ficou ainda mais "reles" para os britânicos, quando o árbitro sueco Jonas Eriksson expulsou directamente Ryan Babbel por agressão a Luisão, mesmo debaixo das barbas do juiz, num lance em que o central do Benfica também foi advertido.

Contra dez o Benfica acreditou ainda mais que a recuperação do marcador era um cenário bem possível, até porque Rafael Benitez não tinha arte nem engenho para inverter esta situação de "invasão" benfiquista no seu meio campo.

Por pouco o Liverpool não ficou reduzido a nove, pois Insua já amarelado pontapeo Aimar dentro da sua grande área. Grande penalidade assinalada pelo árbitro. Oscar Cardozo foi chamado à cobrança do castigo máximo e não perdoou. Reina ainda adivinhou o lado, mas o remate era mais potente que as bombas atómicas de 1945.

Aos 79 minutos Carragher desviou a bola com o braço e foi "amarelado". Novo livre da marca de 11 metros. Nova oportunidade para o 7 do Benfica. Novo golo. Nova explosão de alegria na Luz, que quase deitava abaixo as bancadas da "Catedral". Estava consumada a reviravolta no marcador, a segunda consecutiva num jogo europeu, após a alcançada em Marselha.

Só depois do 2-1 é que o técnio espanhol do Liverpool fez alterações na sua equipa. Mas nada podia fazer. Eriksson apitou para o final e o Benfica fez a festa. Mas atenção, pois uma derrota lusa em Anfield Road por 1-0 pode deitar tudo a perder.

Jorge Jesus satisfeito com a exibição da sua equipa. Rafa Benitez ainda acredita na passagem.

O treinador do Benfica estava feliz e falou numa vitória "justa".

"Foi um jogo emotivo, com grandes jogadores de ambas equipas que podem fazer golo a qualquer momento. Acho que vencemos justamente. Fomos uma equipa que soube jogar mais em função da baliza adversária", disse ele.

Quanto ao jogo da próxima 5ª feira, Jorge Jesus afirmou que "em Liverpool temos capacidade para fazer golos. Mas também sei que do outro lado está uma equipa que vai fazer golos". Este jogo que se avizinha é considerado pelo técnico encarnado como o mais complicado da temporada, de "itensidade alta".

Por seu turno, Rafael Benitez está confiante na recuperação da eliminatória em Liverpool, perante o aguerrigo público dos "reds". "O Benfica é uma equipa forte, mas em Anfield Road vamos contar com o apoio dos nossos adeptos. Temos confiança que será possível dar a volta ao resultado", afirmou.

Arbitragem em análise.

Neste jogo houve de tudo.

Jonas Eriksson teve momentos de distracção, dos quais o mais crítico foi o do lance em que o Liverpool viu um golo ser anulado por fora-de-jogo a "el niño". Mas o assistente Stefan Wittberg há muito que tinha a bandeirola levantada. A distracção pode ser justificada pela possível falha do sinal "beep" ou pela péssima colocação do árbitro no terreno de jogo, literalmente de costas para o assistente num lance de bola parada.

Eriksson também teve outro lance de colocação incorrecta, também na cobrança de um livre directo a favor do Benfica em que, mais uma vez, pôs-se de costas para o assistente. As leis obrigam a que o árbitro se coloque num plano privilegiado sobre o lance mas também sobre o assistente.

Graças ao árbitro de baliza, Stefan Johannesson, o livre que resultou em golo do Liverpool não foi considerado penalty, pois a infracção foi cometida fora da área e o atleta da equipa inglesa acabou caindo dentro da área. E também foi este careca sueco que deu indicação da "mão" de Carragher, no lance do segundo penalty para os encarnados.

Notas positivas na expulsão de Babbel, no referido fora-de-jogo a Fernando Torres, e nas duas grandes penalidades para o Benfica.

Notas negativas em outros dois que não foram assinalados a pender para os encarnados e no perdão dado a Insua, já admoestado, quando cometeu a falta que originou o primeiro penalty. Nota negativa também, e como é lógico, para a sua distracção e péssima colocação em certos períodos do jogo.

"No name boys" lançaram petardos para o relvado.

O jogo também ficou marcado pelos petardos atirados pelos "No name boys" para dentro do terreno de jogo. O encontro foi interrompido em ambas as ocasiões, pois tanto um dos assistentes como o Pepe Reina se queixaram dos ouvidos após o rebentamentos daqueles objectos.

Infelizmente ainda não há controlo sobre estas coisas que em nada beneficiam o espectáculo, e agora o Benfica teme por um castigo que possa ser aplicado pela UEFA.

terça-feira, 23 de março de 2010

O primeiro exercício. Escrever uma notícia.

Acidente de alta tensão em Ponte da Barca


por José André Gonçalves


Um operário sofreu, ontem, um acidente em Lavradas, no concelho de Ponte da Barca. Tudo aconteceu devido ao rebentamento do cabo de alta tensão onde o sujeito fazia a manutenção. Ficou pendurado apenas pelo seu cabo de segurança.

O homem de 35 anos e de nacionalidade ucraniana estava a colocar as bolas que sinalizam as linhas de alta tensão quando o cabo estourou. O alerta foi dado desde Cimães, lugar onde ocorreu o acidente, para os Bombeiros Voluntários de Ponte da Barca por volta das 12 horas. Porém, apenas foi salvo já quando faltavam cerca de 15 minutos para as 15 horas, e pelos Bombeiro Municipais de Viana do Castelo.

Aumentava o risco de queda, pois passavam três horas de espera e os 150 quilos de material transportado à cintura apontavam para uma tragédia pior. Ainda para mais, o operário estava pendurado a uma altura de 50 metros.

O INEM também veio prestar auxílio, tal como a Protecção Civil, com ajuda extra de um helicóptero. O acidentado disse por inúmeras vezes que não aguentava mais, mas o INEM conseguiu acalmá-lo.

Os bombeiros levaram-no para o Hospital de Viana do Castelo onde fez vários exames complementares de diagnóstico. Os médicos garantiram que não havia razão para alarme, pois o seu estado clínico não era grave. Até à hora de fecho desta edição, o operário ainda estava em observação nas Urgências do referido posto hospitalar.

O autarca de Lavradas presenciou a ocorrência e disse ao JORNAL que “foi uma coisa terrível, ninguém faz ideia”. “Assistimos a um filme de terror autêntico, mas que acabou da melhor maneira”, acrescentou Lino Ventura.

O JORNAL tentou contactar a empresa para a qual trabalhava a vítima. Sabe-se que é sediada em Lisboa, mas até ao encerramento da edição não foi conseguido o contacto.

segunda-feira, 22 de março de 2010

E vão duas.

O Benfica venceu pelo segundo ano consecutivo a Taça da Liga. Os encarnados esmagaram, no Estádio do Algarve, o FCPorto por 3 bolas a 0. A final de ontem ficou marcada ainda pelos confrontos entre as claques dos dois emblemas dos quais resultaram alguns feridos ligeiros.




Jorge Jesus conseguiu o seu primeiro título enquanto treinador de um clube de futebol após o seu Benfica ter vencido o fragilizado FCPorto. No fim dos 90 minutos, o técnico encarnado dedicou a vitória ao seu falecido pai. Jesus agradeceu ainda todo o apoio dos milhares de adeptos que se deslocaram ao Estádio do Algarve.
Quanto ao jogo, até foi o FCPorto o primeiro a criar perigo com um valente pontapé de Cristian Rodriguez do lado esquerdo do ataque portista. Quim, titular na baliza do Benfica, não se deixou intimidar. Mas pouco tempo depois o outro guarda-redes em campo, Nuno Espírito Santo, não foi nada Santo, protagonizando aquilo a que popularmente se chama um "frango". Rúben Amorim rematou de fora da área, a bola bateu de forma subtil nas luvas de Nuno e depois foi o que se viu.
A partir do 1-0 foi o Benfica a tomar o controlo do jogo, com uma ou outra situação de ataque azul e branco, mas sem criar grande perigo junto à baliza à guarda de Quim. Tanto que, mesmo sobre o apito para o descanso, as águias aumentaram a vantagem. Num livre directo a 35 metros da baliza de Nuno, Carlos Martins foi ezímio na cobrança do livre e colocou o esférico junto ao poste esquerdo da baliza, inalcançável para o guarda-redes portista.
Ao intervalo Jesualdo tirou um desinspirado Rúben Micael e ainda Miguel Lopes, já amarelado, para fazer entrar Valeri e Fucile. Ainda assim o FCPorto não foi capaz de lutar pelo resultado, nem mesmo com a entrada do regressado Orlando Sá.
Jorge Jesus guardou para os últimos 10/15 minutos os seus "trunfos". Entraram Saviola e Cardozo, e aos 92 minutos o paraguaio estabeleceu o resultado final em 3-0, depois de um remate ao poste de Rúben Amorim.
Jorge Sousa apitou para o final do encontro e foram os cerca de 18 mil adeptos benfiquistas presentes no recinto de Faro/Loulé que fizeram a festa. O Benfica conquistou cunsecutivamente 2 Taças das Liga, em apenas 3 edições da embrionária competição.

Confrontos entre adeptos antes do jogo. Chuva de cadeiras no interior do estádio.

Por volta das 16h chegaram às imediações do Estádio do Algarve as dezenas de autocarros que trouxeram os adeptos de ambos os clubes, nomeadamente as claques. As câmaras televisivas mostravam autocarros com vidros partidos e com apoiantes em cima do tejadilho, gestos obscenos exibidos pelos mesmos adeptos e cânticos insultuosos à equipa adversária. Os maiores problemas surgiram, e não é inédito, da claque "Super Dragões".
O que se via em Faro era uma autêntica correria como as que se assiste anualmente em Pamplona, com os populares a fugir aos touros, passo à analogia. Polícias de Segurança Pública e elementos da Guarda Nacional Republicana zelavam pela ordem na zona. Atiravam-se pedras, garrafas, e muito mais. Algumas pessoas ficaram feridas, duas até chegaram a receber tratamento hospitalar. Não houve detidos, mas as autoridades levaram alguns adeptos alcoolizados para identificação.
A ordem ainda não estava reestabelecida. Foi então necessária a entrada da cavalaria para pacificar os movimentos das claques portistas. Tudo isto aconteceu porque os autocarros com os adeptos do FCPorto estacionaram mais a Sul do que seria de esperar, levando a que os adeptos dos dragões chegassem mais abaixo onde estavam os do Benfica, lançado o caos em geral.
A situação acabou resolvida depois de cerca de 30/40 minutos de insegurança.
Já no interior do estádio, inúmeros petardos fizeram-se ouvir e até houve um que rebentou sobre a rede de uma das balizas, atrasando em 5 minutos o início da partida. Já antes de começar a segunda parte os adeptos portistas, os mais conflituosos, desataram a atirar cadeiras para a baliza que iria ser defendida por Quim, o mesmo que afirmou ao árbitro não estar disposto a jogar naquelas condições. A situação resolveu-se e o jogo foi retomado com novo atraso.
Mais um episódio lamentável de um grupo de adeptos que não sabem contemplar com fair-play e desportivismo o belo espectáculo que é o Futebol.

Arbitragem globalmente positiva.

Se há coisa que difere totalmente esta final da Taça da Liga da do passado ano é a arbitragem. Jorge Sousa e seus auxiliares, José Ramalho e José Luís Melo, tiveram uma prestação positiva, embora com algumas falhas, nomeadamente no capítulo disciplinar. Mostrou serenidade na forma como controlou o jogo, preferindo ficar-se pelas palavras nalguns lances que pediam mais que isso.