segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Open da Austrália: Djokovic repete conquista de 2008

O sérvio Novak Djokovic venceu na final do Open da Austrália o britânico Andy Murray, por 3 sets a 0, com os parciais de 6-4, 6-2 e 6-3. É o segundo título do Grand Slam para o tenista balcânico, depois de ter conquistado esta prova em 2008.


Foto: www.atpworldtour.com


Adivinhava-se um encontro equilibrado, bastante disputado, entre 3º e 5º do ranking ATP. Dois tenistas de grande qualidade que vinham de vitórias difíceis nas meias-finais: o tenista sérvio eliminara Roger Federer (por 3 partidas sem resposta) enquanto que, um dia depois do duelo Djokovic/Federer, Murray confirmara o seu favoritismo ante o moralizado David Ferrer (que vinha de uma vitória sobre Nadal).

Talvez o pormenor "um dia depois" tenha feito toda a diferença. Djokovic jogou na quinta-feira e Murray na sexta. Isto para além do britânico ter demorado 3h46 a bater Ferrer, em 4 partidas.

Isso provou-se logo na primeira hora de jogo (duração aproximada do set inaugural), com Murray a não conseguir colocar grande parte dos seus primeiros serviços. Aliás, a certa altura o sucesso do primeiro serviço do britânico rondava os 45%, percentagem francamente má.

Djokovic também cometeu vários erros, principalmente de direita, tal era a persistência de Murray naquele lado do court. Todavia, foi precisamente um batimento de direita, fortíssimo e muito bem colocado, que permitiu a Djokovic quebrar o serviço de Andy, desfazendo a teimosa igualdade do marcador. O sérvio chegou ao 5-4 e serviu para fechar o primeiro set a seu favor (6-4).

A segunda partida mais pareceu um duelo de David e Golias. Djokovic facilmente chegou ao 5-0. Uma pequena desconcentração do sérvio permitiu a Murray chegar ao 5-2, mas tudo voltou à normalidade com Novak a quebrar o serviço do adversário chegando ao 6-2, tendo a vantagem de abrir o último set.

No terceiro e último set, coube a Djokovic gerir o seu jogo, até porque Murray começava a acusar muito desgaste físico e mental, consequências da prolongada meia-final contra Ferrer. E foi com um erro não forçado de Murray (47 no total contra 33 do rival) que terminou a final da Rod Laver Arena.

DISCURSO REALISTA DO VENCEDOR

A final terminou e Djokovic levou as mãos ao céu. Foi o primeiro acto, mesmo antes de cumprimentar o adversário e o árbitro. Depois o sérvio tirou a camisola, os punhos de limpar o suor, os ténis (tirando previamente as palmilhas personalizadas) e atirou tudo ao público em forma de agradecimento pelo apoio (atirou também as toalhas que tinha).

Na hora de falar, notou-se acima de tudo um Djokovic bastante sensato e com os pés bem assentes na terra. "O Roger e o Rafa são os melhores e não se pode comparar o meu sucesso ou o do Andy ao êxito deles. Não quero voar para o céu", disse o vencedor. Ele que demonstrou grande respeito pelo adversário, afirmando saber "o que o Andy está a sentir, mas ele acabará por ganhar um título do Grand Slam".

Andy Murray agradeceu toda a equipa, apoiantes e felicitou Djokovic pela conquista. "Ele jogou muito bem, mas até penso que era capaz de ganhar qualquer outro tenista do circuito se jogasse como fez esta noite. Tenho agora que continuar a trabalhar arduamente e tentar outra vez", afirmou Murray, que desta vez não chorou.

O AUGE DE DJOKOVIC E A MALAPATA DO TÉNIS BRITÂNICO

Novak Djokovic pode agora orgulhar-se de estar no lote de tenistas no activo com mais de uma conquista Grand Slam (Roger Federer, Rafael Nadal, Lleyton Hewitt e Djokovic). A conquista do Open da Austrália surge no apogeu da sua carreira, depois de ter terminado a última temporada a conquistar a Taça Davis ao serviço da Seleção Sérvia.

Do outro lado, ainda não foi desta que um tenista britânico conseguiu quebrar o enguiço que perdura desde 1936, data da última vitória de um britânico num torneio Grand Slam – Fred Perry derrotou o norte-americano Don Budge na final do Open dos Estados Unidos.

Também ainda não foi desta que Andy Murray conseguiu vencer um “set” nas 3 finais Grand Slam que disputou até à data. Mais uma vez, Murray será pressionado pela imprensa britânica, já que passa de "britânico" a "escocês", antes e após a final, respectivamente.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Open da Austrália: Triunfo de "Aussie Kim"

Kim Clijsters conquistou pela primeira vez o Open da Austrália, depois de vencer em Melbourne a chinesa Li Na, pelos parciais de 3-6, 6-3 e 6-3. No fim, a tenista belga confessou sentir-se "Aussie Kim".


Foto: www.wtatour.com


Duas semanas depois do confronto entre estas duas jogadoras na final do torneio de Sydney, da qual Li Na saiu vitoriosa, o destino voltou a juntá-las, agora na final do primeiro Grand Slam de 2011.

Em Melbourne, Kim entrou melhor no encontro, vencendo os dois primeiros jogos, mas Li Na acabou por aplicar o seu melhor ténis e virou o marcador, conquistando o primeiro “set” por 6-3. A experiência de Clijsters possibilitou a sua recuperação na segunda partida, essencialmente depois dos quatro “breaks” inaugurais.

Ora, Li Na acabou por acusar algum cansaço essencialmente psicológico, até porque carregava aos ombros a responsabilidade de ser a primeira chinesa numa final de um Grand Slam. Clijsters conseguiu impor definitivamente o seu ténis e venceu o terceiro e último “set”, também por 6-3.

As estatísticas não mentem. Na derradeira partida a tenista belga cometeu 5 erros não forçados (26 em todo o encontro) contra 15 da asiática (40 no total dos três “sets”), o que prova a superioridade de Clijsters na Rod Laver Arena.
Com estes resultados, Kim Clijsters sobe ao 2º posto do ranking WTA, enquanto Li Na vai alcançar a 7ª posição.

PERCURSOS DE RESPEITO

Não se adivinhava tarefa fácil para Clijsters derrubar Li Na em Melbourne. Não só pela brilhante vitória da chinesa alcançada nas meias-finais perante a número 1 do mundo, Caroline Wozniacki, mas sobretudo pelo espírito combativo e o seu ténis bastante evoluído que Li Na havia demonstrado nas partidas recentes. Antes da tenista dinamarquesa, Li eliminara a bielorrussa Viktoria Azarenka (oitava cabeça de série) e a alemã Andrea Petkovic, que tinha derrotado Maria Sharapova na fase anterior.

Do outro lado do “court” estava uma Kim Clijsters experiente, que buscava o seu primeiro título Grand Slam fora dos Estados Unidos, já que a belga conta no seu currículo com 3 vitórias no US Open (2005, 2009 e 2010). Clijsters chegava à final depois de ter derrotado nas “meias” a russa Vera Zvonareva, segunda cabeça de série e a adversária da última final do Open dos Estados Unidos, e nos “quartos” a polaca Agnieszka Radwanska.

Em ambos os encontros, Kim tinha deixado uma imagem positiva, de um ténis muito forte quer defensiva quer ofensivamente. Porém, também passou a ideia de alguma desconcentração em momentos importantes dos encontros, o que de certo modo abriu portas a uma possível surpresa na final, a vitória de Li Na, o que acabou por não acontecer.

AGRADECIMENTOS, HUMOR E CONSAGRAÇÃO NA HORA DE FALAR

No fim deste duelo de casadas (uma raridade no circuito feminino), as tenistas agradeceram o apoio dos patrocinadores, da equipa técnica e dos adeptos. O humor de Li Na veio ao de cima: “Não me importa se o meu treinador - sim, ele é também o meu marido - é gordo ou magro, bonito ou feio. Eu amo-o e sem ele eu não seria certamente finalista do Open da Austrália”.

As palavras mais esperadas vieram da boca da vencedora. “No passado, os australianos sempre me apoiaram e, de certa forma, senti que não conseguia retribuir. Agora, sinto que me podem chamar "Aussie Kim"”, referiu Kim Clijsters, que teve uma relação há uns anos com o tenista australiano Lleyton Hewitt, o ídolo daquele país.